Uma viagem pelas sonoridades "Folk"
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A adolescência é sem duvida a idade da aventura, das descobertas. É a fase dos “alicerces”, da construção daquilo que mais tarde nos irá influenciar para o resto da vida. Este é sem dúvida o caso do protagonista deste artigo: Zach Condon, “frontman” da banda que sobe desta feita ao palco do Dança do Som. Senhoras e Senhores… os Beirut!
Por Paula Cavaco
A banda norte-americana nasceu do projecto a solo de Condon, um “menino-prodígio” que um dia (com 16 anos) resolveu fazer uma viagem pela Europa. Essa sua experiência iria influenciar grandiosamente a sua interpretação musical, caracterizada pela fusão de sonoridades “Folk”, “Pop”, “Indie” e “World Music”.
O desenvolvimento enquanto banda deu-se em 2005, aquando do encontro de Condon com dois dos membros dos “A Hawk and a Handsaw”, nomeadamente os talentosos Jeremy Barnes e Heather Trost. Uma colaboração que se viria a manifestar como grandiosa, como é prova o álbum de estreia dos Beirut, “Gulag Orkestar”, lançado em Maio do ano seguinte.
“Gulag Orkestar” é um trabalho composto por onze faixas que alternam entre sons melancólicos de inspiração cigana (exemplo: “Gulag Orkestar” e “Prenzlauerberg”), sonoridades “beat-pop” (exemplo: “Postcards from Italy” e “Scenic World”), e pelo meio umas indescritíveis “Rhineland”, “Brandenburg” ou “The Canals of Our City”.
O álbum poderá dividir-se em duas partes distintas em termos de sonoridade: se por um lado temos um estilo influenciado pelo “folk” dos Balcãs, por outro , encontramos um estilo muito próprio de Condon, sendo que neste o “ukelele” é o actor principal. De facto, uma das características do estilo musical dos Beirut é o destaque dado a instrumentos atípicos ao Rock, dando-se predominância à utilização de instrumentos como o acordeão, o violoncelo, o bandolim, o órgão, o trompete, o violino e outros ainda mais imprevisíveis.
A utilização da guitarra neste álbum resume-se a uma faixa apenas (a ultima), “After the Curtain”, isto pelo facto de ser impossível para Condon tocar aquele instrumento, devido a uma lesão ao nível do pulso.
Em termos vocais, em “Gulag Orkestar”, os Beirut oferecem-nos uma miscelânea de interpretações, nas quais Condon vai desde o sussurrado “adocicado” até à mais poderosa das manifestações vocais, ou deixando para os instrumentais o “papel principal”, como é o caso da faixa “Bratislava”, na qual a voz de Condon quase “desaparece” na paisagem instrumental, sendo apenas uma espécie de triste lamento, ecoado repetitivamente.
Uns dos aspectos mais curiosos neste trabalho são as letras, sinceras e pura “dinamite” poética, além de magnificamente interpretadas por Condon.
“Gulag Orkestar” recebeu excelentes críticas e foi votado pela “Rough Trade” (loja independente de discos londrina) como melhor álbum do ano.
Em Outubro de 2007, é lançado o segundo álbum da banda: “The Flying Club Cup” (sob o “selo” da editora 4AD, o que me parece importante referir e sublinhar), um trabalho com uma sonoridade mais moderna mas no qual o sentimento de nostalgia e melancolia ainda “pairam” fortemente sobre as suas orquestrações. A capa do álbum parece indicar isso mesmo: uma fotografia em tons sépia, numa representação da França do inicio do século XX.
Logo a abrir, somos “assaltados” por um “A Call to Arms”, a soar a chamamento para o ouvinte, seguindo-se um suave e melódico “Nantes”, que nos remete novamente para o imaginário da capa do álbum. Esta alteração de sonoridades é qualquer coisa de desconcertante.
“The Flying Club Cup” é um álbum de “aveludadas” melodias de dança, marchas do Leste Europeu, baladas tristes de piano e acordeão e ainda e sempre as sonoridades “Folk”, fazendo ainda mais sobressair a genialidade musical de Zach Condon.
E muito mais fica por dizer sobre esta banda…
Para 2011 está agendado o lançamento do terceiro álbum dos Beirut. E enquanto se aguarda também pela actuação da banda na edição deste ano do “Super Bock Super Rock” (marcada para 14 de Julho), aqui fica uma recordação…
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