Anaquim nasceu em 2008 no Festival Santos da Casa, cresceu a um bom ritmo e no ano passado surgiu “A Vida dos Outros”, o álbum de estreia da banda liderada pelo “saltimbanco” José Rebola. Tem como companheiros de viagem, João Santiago, Pedro Ferreira, Filipe Ferreira e Luís Duarte. Percorrem o país personificando a vida de tantos outros, nos temas, nas actuações e nas histórias que contam.
Por Carmen Gonçalves
Anaquim é um personagem voltado para o nosso país, para o Portugal que ama. Vai relatando episódios, criticando a sociedade sem nunca perder um certo humor negro. Impossível não compara-los aos Deolinda, pela sua portugalidade, pelo seu trejeito mais popular e também pelo sucesso do primeiro single.
E é tão forte esta ligação, que a grande surpresa do álbum surge na faixa “O Meu Coração”, em que Rebola dialoga com Ana Bacalhau dos Deolinda, tema que roça o lado mais fadista do povo português.
Mas o grande vínculo ao nosso país emerge no tema “Lusíadas”, como não poderia deixar de ser. Um retrato mais profundo da nossa sociedade: "Gosto tanto deste país, só não entendo o que o faz feliz/ Se é rir da miséria dos outros, quando a vemos/ Ou chorar da nossa própria, quando a temos".
No fundo este álbum compila pedaços de músicas que narram episódios do quotidiano, ornamentados sempre pela língua de Camões e pelos mais criativos efeitos musicais. Trata-se de um registo fácil de digerir, como indica na abertura, leve, humorístico e de uma genialidade tremenda.
É a imagem de Portugal vista através dos olhos de um duende saltitão e curioso, de seu nome Anaquim.
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