Noidz – Trancemetal Tour 2011 @ Aula Magna, 25 de Fevereiro de 2011
De um planeta a 20.000 anos-luz, os Noidz aterraram na Aula Magna de forma explosiva e arrancaram assim a sua Trancemetal Age Tour. A sua música mistura o peso de um rock mais industrial com o futurismo do Trance. Sem querer tender para nenhum dos lados em concreto, os Noidz não aprofundam nenhum dos géneros mantendo a magia no complemento das duas. Resultado? Música do outro mundo.
Por Tiago Queirós
Em Palco encontramos um conjunto de personagens retirados possivelmente dos Sketchs do clássico do cinema de acção «Predator». Zdion, Lunatikka, Zork, Dr. Zee e Monka são os cinco seres que se intitulam de Noidz e que relembram os tempos em que Blasted Mechanism apareciam e faziam furor. Nada de novo hoje em dia, mas que ao juntar com a distribuição do espaço em palco consegue captar um bom espectáculo visual.
A jaula em volta da bateria anunciava e denunciava um espectáculo trabalhado a rigor. A sala não estava repleta, como num futuro estará com PJ Harvey, mas composta por um numero significativo de jovens que possivelmente tiveram um primeiro contacto graças às suas passagens por inúmeras Semanas e Festas Académicas.
O crescimento da banda é visível, e verificar através das redes sociais um acréscimo de apoios, patrocinadores e até mesmo ao nível de passatempos é fazer leitura de resultados bastante positivos e de um certo investimento no lançamento do seu futuro trabalho pós- The Great Escape.
Sem fugir aos instrumentais que os caracterizam, relembrou-se o industrialismo de bandas como Rammstein e Nine Inch Nails mergulhados em Beats acelerados nas suas BPM's convidando o público para um pezinho de dança, atrevendo-se mesmo a retirar do baú temas bastante familiares do público como «The Beautiful People» de Marilyn Manson assim como «Breath» dos Prodigy. As linhas vocais destes funcionam como catalisador e é notável a mudança de atitude na plateia. Este será possivelmente um caminho a percorrer pela banda que parece ainda estar a «apalpar terreno».
O seu trance soa a D_Maniac, reconhecido no meio e integrante do projecto Sick Addiction que faz as delícias da comunidade psy-trance portuguesa. Muitos apontam para Dr. Zee (Dj e sampler) como sendo ele mesmo o homem por detrás da máscara. Algo a confirmar...
Os solos de guitarra soam progressivos, e atmosfera envolvente parece um ponto de encontro entre Tool e Skazi, numa tentativa por vezes forçada de misturar géneros, perdendo em certos temas o poder que o termo trance-metal poderá anunciar. O seu trance está longe do que se cria mesmo aqui no nosso país, mas o seu rock industrial cheio de riffs poderosos eleva o estatuto de temas que, a meu ver, poderiam ser ainda mais trabalhados.
O espaço foi ingrato pois nele cria-se um certo conservadorismo na plateia, algo que choca com o estilo musical da banda que apela ao movimento.
Introduzindo a banda lia-se nos televisores um breve resumo da sua jornada como indivíduos de outro planeta e como vieram parar ao nosso. «Close Encounter» abre de forma arrebatadora um espectáculo de luzes e multimédia bastante interessantes e que funcionará muito bem nos festivais nacionais.
A já reconhecida «Alien Noidz Theme» transportou-nos para um dancefloor bem ao estilo das famosas festinhas de Almeirim, mas não faltaram temas que, outro fosse o espaço, e estaria o caldo entornado para os amantes do mosh-pit.
Relembrou-se Madredeus no seu mais recente single «O Pastor» que fora aplaudido e cantado na plateia, não ao nível da Teresa Salgueiro, mas que certamente honraria a própria. Este tema aparenta uma nova fase na carreira da banda, que busca referências ao folk da música tradicional portuguesa, muito em voga nos dias que correm. Será este o futuro dos avant-guard Noidz? A busca de elementos do passado é pelo menos por enquanto uma resposta ao nível do que se espera deles.
O momento alto foi sem dúvida o single de maior sucesso « Root Sound of Earth» que finalmente conseguiu meter o público de pé e perder a vergonha durante breves minutos e entrar noutra galáxia. A gaita de foles é viciante demais. Pode ser básico, «chalálá» como muitos dizem dentro da electrónica, mas a fórmula é de festa – descomprometida e sem grandes objectivos para além de criar bons momentos de descontracção. Um espectáculo a ter em conta em 2011.
Abrindo apetites:
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