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Mundo Cão

A obscuridade invade o Inovoluso

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Sombrios, poéticos, dramáticos, de letras intensas, instrumentais que “rasgam” a consciência para a necessidade do “sentir”. Vivem a vida pela vida, com a intensidade de um poeta maldito, ou de um actor suicidário, a diletância de um saltimbanco ou a espontaneidade de um marinheiro bêbedo. Tal como os caninos, esta geração vive em matilha e cada cão é a liberdade. É esta a "Geração da Matilha"… “ e são estes os Mundo Cão!

Por Paula  Cavaco


A banda bracarense, formada em 2001, “nasce” na sequência de um convite de Miguel Pedro (baterista e fundador dos Mão Morta) ao actor Pedro Laginha (que havia já colaborado com aquela banda no videoclip de "Cão da Morte") para vocalizar algumas das suas músicas. Mas esta experiencia faz despertar a confiança num projecto de maior dimensão. São, então, convidados Vasco Vaz (guitarra dos Mão Morta e dos míticos BrainDead), Budda (guitarra) e Nuno Canoche (baixo) para se juntar “à festa”. 

Adolfo Luxúria Canibal (vocalista Mão Morta) assume o papel de “padrinho de baptismo” e dá o nome à banda, assim como “alimenta”, com as suas letras este “Mundo Cão” (álbum homónimo, 2007). A banda percorre então o País de lés a lés, “uivando para a lua” com o seu “Caixão da Razão” e apoiados no “Andarilho do Desejo”, vasculhando por completo a nossa ficção. E ficamos todos de tal forma “dopados” com a sua “Morfina” que “somo osbrigados” a entregar-lhes o Globo de Ouro (2007) para “Melhor Banda Revelação”.

O segundo álbum, “A Geração da Matilha” (2009) faz-nos render à “ordem” de amor indiscutível, confirmando-se com este trabalho o enorme valor dos Mundo Cão, dentro do panorama musical nacional.

A apresentação do novo trabalho é feita através do videoclip de “Ordena que te Ame”, realizado pelo cineasta Carlos Conceição, e que nos remete para o “plateau do horror” de “Freaks”, filme de 1932, de Tom Browning.





As letras “dark” e incisivas, “cortantes” e, ao mesmo tempo, arrebatadoras de Valter Hugo Mãe (Prémio Literário José Saramago, em 2007) e, uma vez mais, Adolfo Luxúria Canibal aparecem misturadas com instrumentais assombrosamente poderosos, como é o caso da faixa que dá título ao álbum, ou “Amantes sem Sal” ou ainda, a “pecaminosa” “Cidade do Pecado”. 

Mas desengane-se quem pensar que só de “sound power” vive este álbum. O “doce” também lá está, por exemplo, em “Dá-me Amor ou Ódio”, na qual se respira uma deliciosa atmosfera de sensualidade, muito por culpa da “interpretação” vocal de Pedro Laginha, que não poderia estar mais soberbo.



Em 2009, a banda tem a oportunidade de se apresentar ao lado de grandes nomes da música internacional, primeiro junto dos magistrais AC/DC (Estádio de Alvalade, Lisboa), e depois, em Paredes de Coura, numa entrada a condizer com o poderoso e irreverente Trent Reznor e ocompanhia.

2011 será um ano de “standby” para os Mundo Cão. A necessidade de “paragem” deve-se à nem, sem sempre fácil, situação de partilha de membros com os Mão Morta. Este ano, e segundo o próprio Pedro Laginha, é “o ano Mão Morta”: novo álbum a ser lançado e a comemoração dos 25 anos de existência daquela incontornável banda nacional. No entanto, o vocalista dos Mundo Cão “ameaça”: “Para no próximo ano estarmos de volta e em força!”… e nós ...trememos de satisfação. 

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