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The Cure é definitivamente uma “cura” para a alma, um “remédio” sonoro que não necessita de prescrição médica, um “antibiótico” de alto espectro. E Robert Smith é o nosso “amigo imaginário”, a voz da consciência que nos ecoa bem lá do fundo, e que no meio de toda a nossa escuridão, nos ilumina o caminho de volta para a Luz. Hoje em Modo Pop.
Por Paula Cavaco
Remexendo no fundo do “baú”, vamos encontrar um Robert Smith com 16 anos a formar os “Malice” (que logo depois se viriam a tornar nos “Easy Cure”). Com ele, o guitarrista e teclista Porl Thompson, o baixista Michael Dempsey, e o baterista (e depois tecladista) Laurence "Lol" Tolhurst. Que imagem! A banda sonora…“Killing an Arab”, “Boys Don’t Cry, “Fire In Cairo”, “It’s Not You” e "10:15 Saturday Night”. Mas é-nos interrompida a “viagem”… porque no meio de tantas caixas de álbum desta banda há uma que nos salta à vista… “Disintegration”! E enquanto lhe limpamos o pó, tecem-se considerações…
Lançado em Maio de 1989, “Disintegration” é o oitavo álbum dos The Cure e marca um retorno da banda ao estilo introspectivo e “gloomy” que o grupo estabeleceu no início dos anos 80. É um trabalho tão controverso, como épico, tendo sido “temido” inclusive, pela própria editora, à altura do seu lançamento, como um “suicídio comercial”. Mas tal não aconteceu... porque até hoje continua a ser o álbum da banda com mais cópias vendidas em todo o mundo (mais de três milhões) e está incluído na lista dos “500 Greatest Albums of All Time” da revista “Rolling Stone”.
“Disintegration” é basicamente um álbum Pop realizado em grande escala. A maior parte das 12 faixas são composições longas, com complexos padrões de bateria, guitarras que se sobrepõem, linhas de baixo em “crescente”, misturados com riquíssimas composições de teclados. Resultado: uma sonoridade exuberante e que cativa imediatamente o ouvido, um trabalho que nunca se torna monótono e acima de tudo, um álbum “sincero”, e que através desta sinceridade toca o mais fundo das almas ouvintes.
Robert Smith, com a sua voz melancólica, em raiva ou em desespero, faz-nos ceder ao “abandono”, à entrega de nós próprios, cedendo à profundidade dos seus poemas e interpretação.Não será exagerado afirmar que “Disintegration” é um grande álbum, até para aqueles que não são fãs dos The Cure. Efectivamente, o ouvinte não tem de ser apreciador da chamada “subcultura gótica” ou ter nascido no século passado para confirmar o quão majestoso é este trabalho.
É um álbum que cativa qualquer ouvinte, não olhando à sua idade, sexo ou extracto social. Um álbum com quase 22 anos, mas que soa incrivelmente “fresco” e intemporal. E colocamos o CD a “rolar” no leitor…“ que arrepio!”… Aquelas campainhas… e que estrondosa forma de começar um álbum …“Plainsong”! E somos transportados para outro Mundo... E a seguir… “salta-nos” à estrada “Pictures of You” e só nos apetece abrir os braços e dizer: “Take Me!” (Leva-me!), de tão sublime que é. E nesta altura, já estamos todos tão envolvidos na atmosfera intimista do álbum que deixamos de considerar o “regresso” e abandonamo-nos ainda mais, apaixonados como se fosse a primeira vez.
Robert corresponde ao nosso sentimento com “Lovesong” (que apesar de sabermos que não foi escrita a pensar em nós, nos deixa com um sorriso de adolescente enamorado nos lábios). Deixem-se envolver também…
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