Nesta semana o Modo Classic Rock propõe uma viagem à volta do tema “Baba O’Riley”, dos The Who. Aperte o seu cinto de segurança, pois o percurso é emotivo, já que tem início numa das primeiras óperas-rock da história, passando por um filme que nunca chegou à película, novidades que mudaram a história do rock, terminando com Roger Daltrey e companhia a abrir cada episódio de C.S.I. New York. Não recomendável a cardíacos….
Por Maria Coutinho
Quando Peter Townshend escreveu Baba O’Riley a ideia era que o tema integrasse “Lifehouse”, o projecto de ópera-rock que deveria suceder a “Tommy”. Seguindo essa mesma estrutura de “cinema cantado”, "Tommy" conta a história do jovem cego, surdo e mudo que se torna uma estrela nos campeonatos de “pinball” à escala global.
A personagem é protagonizada por Roger Daltrey que não fica atrás dos seus companheiros de cena, não só na voz, mas também na representação. Nomes como os de Jack Nicholson, Tina Turner (a inesquecível “Acid Queen”), Eric Clapton ou Elton John brilham na chuva de estrelas que é a ficha técnica do filme e fazem dele uma experiência cinematográfica inesquecível.
Quando ficou claro que o projecto “Lifehouse” não iria adiante, a maior parte das músicas que já estavam compostas transferiram-se para o quinto álbum da banda e “Who’s Next” foi lançado em 1971. “Baba O’Riley” é o primeiro tema do LP, chegando a ser editado em “single” em vários países da Europa; mas não nos dois principais mercados fonográficos da época, o inglês e o americano, o que é curioso.
Também o título da música merece referência…. Não é frequente um título que nem uma vez é mencionado na letra. Aliás, muitos se referem ao tema pela expressão “Teenage Wasteland” que, na verdade, titula uma outra composição (menos conhecida) da banda.
A intenção de Peter Townshend ao escolher o título foi a de, assim, homenagear os seus mentores mais influentes. No plano filosófico/espiritual, Meher Baba, guru indiano; e no plano musical, Terry Riley, o músico experimentalista que serviu de fonte de inspiração para muitas das inovações musicais que os The Who apresentaram na sua obra. Baba O’Riley é quase um nome metafórico do guitarrista, onde se fundem as suas principais influências.
A composição do tema integra algumas destas novidades, que deixam marca na história do rock. Por um lado trata-se de uma das primeiras composições em que o sintetizador marca o ritmo (até então era usado como instrumento solista). Por outro lado, tem um toque de folk celta, conferido por uma participação especial do violinista Dave Arbus - ideia proposta por Keith Moon, o baterista da banda.
Novidades que impressionaram o suficiente para garantirem a “Baba O’Riley” um lugar no Rock and Roll Hall of Fame, entre as “500 música que moldaram o Rock and Roll” . Trinta anos depois do seu lançamento, ainda faz furor quando , na abertura de cada episódio de "C.S.I. New York", se ouve a voz de Roger Daltrey, cantar:
"I don't need to fight
To prove I'm right
I don't need to be forgiven.
yeah,yeah,yeah,yeah,yeah"
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