Sing, Travis
Os Travis são uma banda escocesa, criada no início da década de 90 , que se destacaram pelo sucesso no cenário Brit-pop moderno. Inspirando com as suas composições outros grupos da terra de Sua Majestade como os Coldplay ou os Keane, os Travis ficaram conhecidos por hits como “Why Does It Always Rain On Me?”, “Departed” e este, que será o vídeo do mês no Som à Letra, “Sing”. Para Ouver.
Por Paula Cavaco
Quem viu este vídeo uma vez na vida dificilmente se esquece do seu conteúdo: uma fabulosa luta de comida; muito menos se esquece da forma como se sentiu quando o viu (ou de cada vez que o vê): boa disposição, descontracção, leveza de espírito, em suma, alegria.
Neste Mundo que se quer com regras, onde tudo parece ter de ser perfeito, onde cada pessoa se deve comportar segundo os padrões estabelecidos para ser aceite entre os seus pares, há aqueles que são “diferentes”, diferente na sua essência, na sua alma. Estes seres “diferentes” (também rotulados muitas vezes por “loucos”) não se importam com o facto de já serem 20h00 e ainda não estarem sentados à mesa para jantar, preferindo gozar o seu dia ao máximo o seu dia, com um simples passeio de bicicleta.
Num Mundo de pessoas normais (ou normalizadas), existem os “anormais”, os “loucos”que ficam doidos com tanta normalidade, tanta regra e que por causa da sua incapacidade de adaptação se sentem sozinhos, desolados com o facto de ninguém os compreender. E “loucos” podemos ser todos nós.
O vídeo começa por deixar transparecer algo que depois, mais adiante, se irá confirmar: que existe algo de “louco” na rapariga de vestido roxo. E já agora, aproveitamos para referir o papel do macaquinho… uma espécie de “inconsciente” colectivo ."
De dentro de uma televisão (porque a televisão é um meio de comunicação poderoso), que Francis incentiva todos os “loucos” a “cantarem” para esquecer os problemas, mesmo que esse “cantar” não faça a mínima diferença para os outros. E mesmo que o nosso lado consciente não queira ouvir a mensagem que ele está a tentar passar, lá está o macaquinho para ligar de novo a televisão.
“But if you sing, sing, sing, sing, sing, sing,
For the love you bring won't mean a thing,
Unless you sing, sing, sing, sing.”
For the love you bring won't mean a thing,
Unless you sing, sing, sing, sing.”
Ou seja, cantar , cantar e cantar...
Somos convidados (a julgar pela posição da câmara à entrada da sala de jantar) a partilhar o espaço com as pessoas “normais” para jantar mas assim que entramos na sala somos “atingidos” por um grande olhar de espanto, surpresa e choque por parte dos outros (até ao anfitrião lhe cai o óculo). Mas nós, os “loucos”, continuamos como se nada fosse. E lá nos sentamos para o banquete.
Um prato atrás do outro, e eis que a situação começa a ficar complicada. “Como é que se come um lavagante com faca e garfo?”, perguntamos. Mas, mesmo no total desconhecimento sobre a resposta lá resolvemos arriscar e “atacar” o petisco. É óbvio que só poderia acontecer o pior, ou seja, desatamos a fazer aquilo que as pessoas “loucas” são peritas em fazer: gerar o caos. E é no exacto momento em que o lavagante nos salta do prato para ir pousar na cabeça da anfitriã, que entra, pela segunda vez, o refrão a relembrar-nos que independentemente do quanto o nosso grau de loucura possa parecer aos outros, deveremos CANTAR! E lá aparece o nosso “subconsciente” (o tal macaquinho) a aumentar o nível do volume da televisão, numa tentativa de “enfatizar” a mensagem que se quer transmitir.
De “subconsciente” activado, a rapariga do vestido roxo resolve arremessar uma azeitona ao vocalista dos Travis (o instigador da loucura, digamos assim) e é instalado o perfeito “horror”, perante o ar incrédulo dos mais “normais”.
Mas a loucura é uma “doença” pegajosa. Uma vez instalada vai ganhando adeptos e quando se dá conta… nem a pessoa mais habituada a ela escapa.
Relembremos o vídeo...
Comentários
Enviar um comentário