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Virgem Suta no Inovaluso




“Reajo a esse incómodo olhar, nem quero acreditar que vem na minha direcção” são os versos iniciais de uma melodia muito difundida pelo airplay das rádios portuguesas, desde o Verão de 2010. Nuno Figueiredo e Jorge Benvinda são os Virgem Suta que, na companhia de Manuela Azevedo cantam as “Linhas Cruzadas”, uma despretensiosa canção pop que fica logo no ouvido.Para conferir no Inovaluso desta semana.

Por Susana Terra 

Corria o ano de 1998 quando estes dois amigos de Beja se juntaram para formar os Virgem Suta. As raízes lusitanas são bem visíveis, quer em termos dos instrumentos utilizados – há guitarras mas também o cavaquinho e o adufe – quer em termos de composição lírica – que tema mais português que o vinho bebido numa tasca?

Apadrinhados por Hélder Gonçalves, dos Clã, os Virgem Suta gravaram em Junho 2009 o seu primeiro (e até ao momento único) disco homónimo, o qual foi entretanto reeditado duas vezes, incluindo novos temas, como “Linhas Cruzadas”. Sabemos que Manuela Azevedo é uma força da natureza, uma inesgotável fonte de energia e vitalidade que acaba inevitavelmente por preencher as atenções. Tal não sucede em “Linhas Cruzadas”, sendo a vocalização de Manuela Azevedo bastante subtil, contida, frágil, com as palavras ditas num sopro.

Mas há mais, muito mais no álbum Virgem Suta. Os dois primeiros singles – “Tomo conta desta tua casa” e “Dança do Balcão” – transportam-nos a universos distintos: se a primeira é uma música de festa, na tradição da fanfarra, a segunda é uma tranquila ode ao consumo (pouco moderado) de vinho na taberna para esquecer as agruras da vida.

 É interessante verificar como a música portuguesa, cantada na língua de Camões e Pessoa, tem sido ultimamente alvo de um grande investimento por parte dos músicos nacionais. De fenómenos meramente emergentes ao consolidado estatuto de estrelas, sucedem-se as bandas lusas (não confundir com Banda Lusa…) que apostam no bom português e na revitalização da tradição para conquistar o público. E conseguem, oh se conseguem! 

Dos Deolinda aos Golpes, dos Clã aos Anaquim, dos Ornatos aos Mundo Cão passando, claro está, pelos Virgem Suta, podemos facilmente perceber que a música portuguesa está de boa saúde e recomenda-se, em doses imoderadas.  

Para "ouver": 

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