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Espaço The Indies

O Renascimento do Super Bock Super Rock 

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O Super Bock Super Rock foi durante parte da sua existência o maior festival português, organizado pela primeira vez em 1995 na Gare Marítima de Alcântara, contando na altura com as presenças de Jesus and Mary Chain, The Cure, Faith No More, entre outros. Apesar de não ser o mais antigo, já que o velhinho Vilar de Mouros começou em 1971, o SBSR pode considerar-se o mais antigo de entre os que têm tido uma organização regular.

Por Bruno Vieira 


Mas o percurso do SBSR não tem sido constante, nem em termos de formato nem de localização, daí muitas vezes ser apelidado de festival camaleão: para além da Gare Marítima de Alcântara, já passou pelo Passeio Marítimo de Algés, pela Praça Sony (aquando da Expo 98), dividiu-se entre Lisboa e o Porto e até já assentou arraiais em Luanda. 

Em meados da década passada parecia ter encontrado no Parque Tejo (contíguo ao Parque das Nações) o local definitivo mas, em 2009, tudo mudou novamente. Podemos considerar 2007 como o último grande ano do SBSR, pelo menos até à edição do ano passado, quando uma vez mais voltou a mudar de local que se espera agora definitivo, fixando-se na Herdade do Cabeço da Flauta, no Meco. Para tal terão também de mudar as condições do recinto, bem como do espaço envolvente.

Voltando a 2007… foram quatro dias de festival, um dos quais dedicados ao rock mais pesado (Matallica e Joe Satrianai) e os restantes três aos nomes emergentes do pop/rock indie e novas tendências, como Arcade Fire, Bloc Party, Klaxons, Interpol, Gossip, LCD Soundsystem, entre outros.

Tudo parecia correr às mil maravilhas: local apropriado, cartaz coerente, público em bom número e apenas uma pedra no sapato que era o facto de no passeio Marítimo de Algés um novo festival (Optimus Alive) estar a dar os primeiros passos. 

O mais recente festival português surgia na sequência da saída de Álvaro Covões, ex-sócio de Luís Montez na Música no Coração, para formar a Everything Is New. O excelente arranque do Optimus Alive e as alterações provocadas no seio da Música no Coração ter-se-ão reflectido na organização do SBSR nos dois anos seguintes.
 
Em 2008 o SBSR dividiu-se entre o Porto (1ª parte) e Lisboa (2ª parte), sendo que esta seria a última vez no Parque Tejo. O mau tempo no Porto, o facto de se ter realizado em cidades diferentes e uma programação pouco coerente ditaram o fracasso do SBSR nesse ano. No ano seguinte a fórmula foi repetida mas o número de dias foi reduzido para metade e o local dos concertos passou para os estádios do Bessa (Porto) e Restelo (Lisboa). 

Com o cancelamento dos Depeche Mode no Porto perspectivou-se o pior, mas salvou-se a excelente prestação dos The Killers no Restelo, com uma assistência a condizer (perto de 40.000 pessoas). Apesar disso, era óbvio para toda a gente que o SBSR já tinha visto melhores dias e que o que já fora o maior festival português, andava agora à deriva.
Como já referi, 2010 foi ano de nova mudança e à partida para melhor, com o SBSR a realizar-se pela primeira vez no Meco (no mesmo local onde se realizara alguns anos antes o efémero Hype Meco). Sem pretender competir directamente com o Optimus Alive, a Música no Coração optou por sair de Lisboa mas não para muito longe. 

O objectivo terá sido criar um ambiente próximo da Zambujeira mas de fácil acesso para quem viesse dos grandes centro urbanos (sobretudo Lisboa e arredores). O cartaz foi interessante e apesar de ser maioritariamente dominado pelo pop/rock indie e novas tendências, conseguiu juntar mais dois nomes de peso da velha guarda, como os Pet Shop Boys e Prince.  Por vezes artistas e públicos de diferentes gerações nem sempre coexistem da melhor forma, mas o que é certo é que a organização conseguiu apresentar uma programação que agradasse a todos e há que reconhecer-lhe esse mérito, o mesmo não se poderá dizer em relação às condições do espaço que, uma vez mais, todos esperamos que melhorem consideravelmente nas edições futuras, a começar já pela deste ano.

Resumindo, poderá  considerar-se 2010 como um ano de renascimento para o SBSR, em que o mesmo terá renascido das cinzas dos dois anos anteriores. Este ano espera-se que seja o ano da sua consolidação. À partida tem todas as condições para isso, com os nomes anunciados até ao momento (The Strokes, Artic Monkeys, Arcade Fire, The Legendary Tigerman, entre outros), só por si a valerem a pena a compra do passe de três dias. 

Certamente que a organização do Optimus Alive irá estar atenta, de forma a não desperdiçar o excelente trabalho conseguido ao longo das quatro primeiras edições. Em último lugar, como sempre, a concorrência acabará por beneficiar o público que não se incomodará muito com a coexistência de dois festivais fortes, mesmo que se destinem a targets diferentes (ou nem tanto). Antevê-se por isso uma luta renhida, mas a procissão ainda “só” vai no adro…

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