Deolinda
Por António Jorge
De repente, e antes de esfregar de novo as mãos na tentativa de as manter quentes, facilmente percebo que esta minha crónica de Janeiro serve apenas e só para reforçar que, “e sem qualquer desprimor para o que de bom se vai fazendo além fronteiras”, a boa música portuguesa está de fato (e sem gravata) a respirar excelente saúde e por isso, recomenda-se e muito.
Começo então por fazer uma vénia a Nicholas Oulman, filho do iluminado Alain Oulman, que ao lado de Amália Rodrigues revolucionou para todo o sempre, o Fado de todos nós. O Jovem Nicholas realizou “Com que voz”, fantástico documentário que estreou no passado mês de Janeiro e que em 2009, venceu o Prémio de Melhor Primeiro Filme no Doclisboa. O álbum com o mesmo nome, (para muitos, o melhor disco de Amália), agora em versão
resmasterizada e actualizada, está também disponível no mercado.
E de Amália para Zeca Afonso; ou melhor, para as músicas do Zeca e para os arranjos dos artífices “Zeca Sempre”. Um álbum que sabe bem a qualquer bom par de orelhas. Para além deste novo projecto, Nuno (Gangster Mascarado) Guerreiro está também de regresso aos discos em nome próprio. Este novo álbum revela-nos um Nuno Guerreiro, mais cantor, melhor interprete e ainda um escritor de canções a querer abrir portas para outras escritas no futuro.
Ainda em Janeiro, Legendary Tigerman, para não variar, brincou muito pouco em serviço e arrebatou por completo todas as almas que esgotaram o mítico Coliseu de Lisboa. Dias depois foi a vez da banda portuguesa que mais discos vendeu o ano passado em Portugal, esgotar os Coliseus do Porto e da capital; obviamente, os Deolinda.”Que parva que sou”, o inédito apresentado em ambas as salas, já está disponível on-line.
A caminho de casa vão comigo, os novos álbuns de Miguel Brito Rebelo e dos Ban, mas também os singles de Mikkel Solnado, Mónica Ferraz e dos Turtle Giants; estes últimos a residir aqui ao lado em Espanha e a prometerem canções de quem vamos ficar amigos.
Está então feito o mais que justificado reforço à boa música feita por nós; pelos nossos. Mas também pelos que vindo de fora, encontram neste nosso Canto a inspiração para as letras e para os acordes.
Lá por fora, a expectativa tem vários tons e sabores. Os fins de tarde podem tornar-se mais agradáveis e coloridos com os novos discos de Bjork, Joan as Police Woman, Anna Calvi e The Naked and Famous. Ah sim, os Van Halen também merecem uma referência porque regressam com David Lee Routh.
A efervescente e prolífera movida sonora segue dentro de momentos. Volto a esfregar as mãos enquanto leio uma entrevista de Yoko Ono ao britânico Daily Mail. “ Se John fosse vivo adoraria Lady Gaga”.
Pois!
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