Avançar para o conteúdo principal

The Ramones no Destaque no Mês


Link da imagem 

The Ramones:o Nascimento do Punk 

No passado mês de Abril celebraram-se dez anos sobre a morte de Jeffrey R. Hyman, mais conhecido por Joey Ramone. O líder e o mais carismático membro dos Ramones, lutou contra um cancro durante sete anos. O seu irmão Mickey Leigh prestou a sua homenagem com a edição de um livro de memórias “I Slept With Joey Ramone: A Family Memoir”. Neste relata a sua história e a formação da banda, que viria a ser uma das mais emblemáticas do movimento punk. Para recordar. 

Por Carmen Gonçalves


Corria a década de 70 quando Joey, juntamente com Johnny, Tommy e Dee Dee formaram uma banda que mudou o padrão do rock conhecido até então. Deixando de lado os excessos e o virtuosismo do final dos anos 60, criaram, quase por acaso, um novo estilo musical que viria a influenciar numerosas bandas de rock que surgiram nas décadas seguintes.

Baterista desde os 13 anos, Joey tocava numa banda rock quando foi convidado para se juntar ao grupo que estava a ser formado por John Cummings e Douglas Colvin. Quando se percebeu que como baterista não conseguia acompanhar o estilo mais agressivo da banda, o produtor Tommy Erdelyi assumiu as baquetas e Joey passou então a ser o vocalista principal. E assim nasceram os Ramones. A ideia do nome surgiu de Douglas Colvin que decidiu usar o sobrenome de Ramone, rebaptizando-se de Dee Dee Ramone, e propondo o mesmo aos restantes elementos da banda.

Em pouco tempo o conjunto de músicos amadores tornou-se uma das principais atracções do clube nova-iorquino CBGB. Um ano depois os Ramones foram a primeira banda punk rock a assinarem um contrato musical com uma editora e lançaram o seu primeiro disco em 1976, o homónimo “Ramones”.

Com a simplicidade dos três acordes em músicas directas, que não ultrapassavam os dois minutos, os Ramones interpretavam o vazio da vida dos jovens da época, sem perspectivas de futuro - o sucumbir às drogas, à prostituição e à delinquência juvenil. Músicas como “Judy Is a Punk ”, “Now I Wanna Sniff Some Glue” ou “Blitzkrieg Bop”, faziam as delícias do movimento “underground” urbano em ascensão.


Apesar de não terem alcançado um grande sucesso comercial nos Estados Unidos, os Ramones editaram catorze álbuns em vinte e dois anos de carreira, seguidos quase sempre de uma tourné. Nos concertos chegavam a tocar trinta temas em noventa minutos, quase sem parar. Desta forma, mesmo sem um grande número de vendas, construíram uma legião fiel de fãs e de seguidores. 

Foram uma grande influência para muitos jovens desajustados socialmente, e muitos destes formaram a sua própria banda punk, como o é o caso dos The Clash e dos Sex Pistols, pioneiros do punk rock em Inglaterra. Mais tarde, no início da década de 90 surgiram várias bandas rock norte-americanas influenciadas pelo movimento punk. Bad Religion, Soundgarden, Pearl Jam e Green Day, foram algumas das bandas que beberam da sua influência.

No final da década de 70 o punk rock estava de ressaca, muito devido ao caos instalado pelos Sex Pistols. Tocar punk rock em Inglaterra caiu em desuso, e começaram a emergir as primeiras bandas dos movimentos pós-punk e new wave. Ainda assim os Ramones mantiveram-se fiéis ao seu estilo, embora começassem a surgir as primeiras alterações na formação da banda. Com a saída do baterista Tommy, Marky Ramone assumiu o seu lugar e foi a altura ideal para os Ramones apontarem para novas direcções. Queriam fazer um disco mais comercial, mas sem deixar de lado as características iniciais da banda. E foi assim que em 1978 chegou ao mercado o LP “Road To Ruin”, que mostrava que os Ramones sabiam e podiam fazer um rock acessível e de qualidade.



No início da década de 80 alguns conflitos começaram a provocar tensão na banda. Até então Joey tinha pouca participação na composição dos temas, mas nessa época passou a ter um papel mais importante, juntamente com Dee Dee. Mas a vida boémia de festas, drogas e álcool levou com que até ao final da década os Ramones tivessem algumas formações diferentes. Em 1983 deu-se a saída do baterista Marky, tendo regressado após a sua reabilitação quatro anos mais tarde. E em 1989 os Ramones sofreram um revés com a saída Dee Dee, que era o elemento que tinha o papel principal na composição dos temas.

Na década de 90 e já com a nova formação os Ramones editaram três álbuns. Em 1995 lançaram o último registo “Adios Amigos!”, e no ano seguinte a banda separou-se. O cansaço acumulado, a falta de comunicação entre os elementos e a doença que tinha afectado o vocalista Joey, foram factores preponderantes para o grupo se desfazer. 

O último concerto da banda aconteceu no dia 6 de Agosto de 1996 em Hollywood. Eddie Vedder, Chris Cornell e o ex-elemento Dee Dee Ramone, foram alguns dos convidados especiais desta actuação. Ficou registado como o concerto número 2.263 e deu origem ao álbum e ao vídeo “We’re Outta Here!”.



Com o fim dos Ramones e a morte dos três fundadores (Joey, Johnny e Dee Dee) foi deixada uma lacuna no movimento punk, que dificilmente será preenchida. Mais do que uma influência, foram e continuam a ser, a base de sustentação para o que de melhor se pode fazer na cena punk rock.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Roquivários no Luso Vintage

Link da imagem O início da década de 80 ficou marcado pelo aparecimento de diversas bandas rock no panorama nacional. A causa foi o estrondoso sucesso do álbum de estreia de Rui Veloso “Ar de Rock” que abriu caminho para novas bandas emergirem. Umas singraram na cena musical, até aos dias de hoje, caso é dos Xutos & Pontapés, UHF ou GNR, enquanto outras ficaram pelo caminho, após algum sucesso inicial. Destas destacam-se os Roquivários que encontraram no tema “Cristina” o seu maior êxito junto do público.    Por Carmen Gonçalves A banda formou-se em 1981 no seguimento do “boom” da cena rock, sob o nome original de “Rock e Varius”. Esta designação pretendia reflectir as influências musicais que passavam por vários estilos, não se cingindo apenas ao rock puro e duro. A música pop, o reggae e o ska eram variantes fáceis de detectar no seu som, e que marcaram o disco de estreia , “Pronto a Curtir”, editado em 1981.   Apesar de a crítica ter sido dura com o trabalho

Pedro e os Apóstolos no Luso Vintage

Link da imagem O gosto pela música é universal, “Mesmo para quem não é Crente”, como diria Pedro e os Apóstolos, uma banda nascida em 1992 e que hoje tem o seu momento na rubrica Luso vintage do Som à Letra. Por Gabriela Chagas Pedro de Freitas Branco, um cantor, compositor e escritor português , que a par deste projecto ficou também conhecido por ter sido co-autor de uma colecção de aventuras juvenis, "Os Super 4", é o Pedro da história.   Reza a história que tudo começou numa tarde de Fevereiro de 1992, numas águas furtadas de Lisboa. O apóstolo Gustavo pegou nas congas, o apóstolo Soares ligou o baixo a um pequeno amplificador de guitarra, e o apóstolo Pedro agarrou na guitarra acústica. Não pararam mais nos quatro anos seguintes. Em 92 produziram eles próprios um concerto de apresentação aos jornalistas e editoras discográficas em Lisboa que despertou o interesse das rádios , que acreditaram no grupo. Em Julho de 1996 gravaram o seu primeiro disco, “Mesmo para

Espaço "Rock em Portugal"

Carlos Barata é membro da Ronda dos Quatro Caminhos, uma banda de recriação da música tradicional portuguesa, que dispensa apresentações. Nos anos 70 do século XX foi vocalista dos KAMA- SUTRA, uma banda importantíssima, que, infelizmente, não deixou nada gravado. Concedeu-nos esta entrevista. Por Aristides Duarte  P: Como era a cena Rock portuguesa, nos anos 70, quando era vocalista dos Kama - Sutra e quais as bandas de Rock por onde passou?   R: Eu nasci em Tomar, terra que, por razões várias, sempre teve alguma vitalidade musical. Aí comecei com um grupo chamado “Os Inkas” que depois se transformou na “Filarmónica Fraude” com quem eu gravei a “Epopeia”, seu único LP. Quando posteriormente fui morar para Almada fui para um grupo chamado Ogiva, já com o Gino Guerreiro que foi depois meu companheiro nas três formações do Kama -Sutra. São estas as formações mais salientes a que pertenci embora pudesse acrescentar, para um retrato completo, outras formações de mais curt