No Luso Vintage desta semana recebemos os Tantra, grupo pioneiro no seu tempo , marcando uma década repleta de mudanças. O rock mais progressivo que trabalhavam permitiu um lugar especial na história da música em língua de Camões. Hoje em visita no Som à Letra.
Por Carmen Gonçalves
Originalmente publicado a 13 de Dezembro de 2010
Estávamos na época do pós 25 de Abril, em que a juventude portuguesa encontrava-se desperta para o que melhor da democracia podia trazer: liberdade de expressão. Os cantores de intervenção, outrora ouvidos clandestinamente, rodavam abertamente nas rádios, influenciando diversos projectos musicais que começavam a surgir.
As vivências actuais de uma nova realidade social serviam de pano de fundo para as canções da época. Contudo a aposta musical seria a mesma, assente num espírito mais interventivo e pouco inovador.
Até que em 1976, começou-se a ouvir falar de uma banda que aliava o rock mais progressivo a representações cénicas, quase teatrais, que arrastava multidões, claramente influenciada por grupos internacionais, como os Genesis ou os Yes. O primeiro single editado ainda com a formação inicial, “Alquimia da Luz”, é prova disso mesmo.
Os Tantra vieram colmatar um vazio que existia no panorama nacional, conferindo ao rock uma via para expressar as ideias mais revolucionárias, à semelhança com o que acontecia na altura com a música popular ligeira.
Fundado por Manuel Cardoso (guitarrista) em conjunto com Armando Gama (pianista), o nome Tantra, surge devido à forte componente espiritual associada ao grupo, e sobretudo ao seu fundador. Mais tarde juntaram-se os restantes músicos, Américo Luís (no baixo), Rui Rosas (na bateria) e Firmino (na percussão).
Contudo, esta formação viria a sofrer alterações, e só após a saída de Rosas e Firmino e entrada do baterista Tozé Almeida em 1977, é que é editado o primeiro LP “Mistérios e Maravilhas”, considerado hoje um clássico do rock progressivo, mesmo a nível internacional.
Mais tarde, Tony Moura juntou-se à restante formação para reforçar as vozes, numa dinâmica mais teatral que viria a ser apresentada ao vivo, com Manuel Cardoso a liderar as hostes, usando uma máscara em palco, representando um velho no tema “À Beira do Fim”.
Em 1978 os Tantra editaram o segundo álbum “Holocausto”, com Pedro Luís que ocupou o lugar de Armando Gama, mas foi com o terceiro disco “Humanoid Flesh”, de 1980, já com a entrada de Pedro Ayres Magalhães, que o rock progressivo deu lugar à New Wave, e o Inglês substituiu a língua de Camões.
Os Tantra viriam a pôr um fim à sua carreira em 1981. Tozé integrou os Heróis do Mar e Manuel Cardoso editou alguns temas a solo.. Contudo em 1995, o fundador da banda remasterizou o álbum ao vivo de 1977 “Live Ritual”, tendo despertado a vontade de recuperar a banda, o que veio a acontecer em 1998, sendo o único elemento da formação original. O resultado foi dois álbuns de originais, “Terra” de 2002 e “Delirium”, de 2005.
Os Tantra foram pioneiros do seu tempo, marcaram uma década repleta de mudanças e singraram com o seu rock mais progressivo, tendo influenciado gerações vindouras de bandas nacionais.
Para recordar:
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