Avançar para o conteúdo principal

The Smiths no Destaque do Mês

Queridos anos 80



Em 1982, o rock ficava para sempre marcado por um dos seus grupos mais emblemáticos: os The Smiths. A banda com casa em Manchester marcou a história da música. Andy Rourke, Morrissey, Johnny Marr e Mike Joyce formaram o grupo que durou cerca de  cinco anos. Cinco anos que chegaram para fazer história no rock alternativo e no indie pop. Agora, o lendário Morrissey volta com dois singles fresquinhos. E nós refrescamos a vossa memória. 

Por Júlia Rocha 

As composições da banda contam com a parceria de Morrissey e Johnny Marr, quase uns John Lennon/Paul McCartney dos anos 80. O grupo britânico foi considerado por críticos musicais como a mais importante banda de rock alternativo a emergir na cena musical britânica, principalmente de música independente. 

Fora do Reino Unido o sucesso comercial foi algo curto e limitado . De referir que enquanto estiveram juntos tiveram muito menos sucesso do que tiveram quando se separaram. Os The Smiths tiveram várias ofertas para se reunirem, mas não aceitaram nenhuma até hoje.

Steven Patrick Morrissey foi o grande mentor. Juntamente com John Maher, guitarrista e compositor tentava inspirar-se nos seus gostos: os New York Dolls e os The Nosebleeds, uma banda de punk rock. 

Mike Joyce juntou-se à banda depois da gravação de algumas demos, no Outono de 82. Depois foi a vez de Dale Hibbert, baixista se juntar à banda. Como este tinha trabalho como técnico de gravação, facilitou a vida ao recém-nascido grupo. Mas Dale Hibbert não era exactamente o que estava idealizado para a banda e foi substituído por Andy Rourke. 
Smith é um dos apelidos mais vulgares da língua inglesa, e era esse objectivo que o grupo queria destacar. Numa época em bandas se chamavam Spandau Ballet os Orchestral Maneuver in the Dark, os The Smiths distinguiam-se pela “modéstia” do nome. Morrissey justificou a escolha do nome como sendo uma premissa para os “tipos normais do mundo mostrarem quem são”. Hand in Glove foi o primeiro single, em 1983, depois de assinarem com a Rough Trade Records. Depois vieram This Charming Man e What Difference Does It Make?. 



O álbum homónimo e primeiro, foi lançado no ano seguinte. O primeiro álbum dos rapazes de Manchester chegou ao número 2 da tabela de vendas britânica. Os The Smiths continuaram a lançar singles que não pertenciam a qualquer álbum: exemplo disso é Heaven Knows I’m Miserable Now e How Soon is Now?. A banda convidou uma banda dos anos 60, os Sandie Shaw , para cantar alguns dos seus temas como Hand In Glove. Com Heaven Knows I’m Miserable Now, ficou marcado o início da longa relação de trabalho com Stephen Street, produtor. Depois de mais singles, o segundo álbum, Meat is Murder saiu em 1985, com características mais politicamente fortes.  The Headmaster Ritual e Nowhere Fast também destacavam questões de interesse social.


A musicalidade também sofreu alterações, começaram a surgir misturas de estilos e os solos de Rourke eram bastante aclamados. Destaco que Meat is Murder foi o único álbum da banda a atingir o número 1 nos tops britânicos. Como sabemos Steven Patrick Morrissey é um músico algo controverso, situação que era transmitida para a música. Tinha como alvos das suas críticas a monarquia e governo britânicos (de Margaret Thatcher) e até o projecto de solidariedade Band Aid. Para ele aquela música era tortura… A tour pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos decorreu durante as gravações de The Queen Is Dead. O álbum foi lançado em Junho de 86, com o single Bigmouth Strikes Again,  marcado pela guitarra de Marr. The Queen Is Dead chegou ao número dois das tabelas birtânicas e é considerado como uma mistura e humor negro e mordaz, com temas como Never Had No One Ever, Frankly, Mr Shanky e There Is a Light That Never Goes Out. 


Contudo, o grupo enfrentava alguns problemas: disputas legais com a editora Rough Trade que adiou o lançamento do álbum, e problemas com Johnny Marr. Marr chegou a admitir que na altura, esta doente, o álcool e o cansaço do fim da tour e das gravações estava a levar a melhor. 

Marr não era o único com vícios perigosos na banda. Andy Rourke foi expulso dos Smiths por causa da heroína, de uma forma bastante original: alegadamente, Morrisssey deixou-lhe um post-it no pára-brisas do carro dizendo: “Andy – you have left The Smiths. Goodbye and good luck, Morrissey” (Andy estás fora dos Smiths, Adeus e Boa sorte, Morissey)

Craig Gannon substituiu o malogrado Rourke, que acabou por ser reintegrado no grupo passado algum tempo. Mas Gannon permaneceu na banda e contribuiu para singles como Panic e Ask. Depois do fim da tour de 1986, Gannon saiu dos The Smiths. Cada vez mais frustrados com a editora Rough Trade, a banda assinou com a EMI. 
No início de 1987, era lançado Shoplifters of The World Unite, seguido por uma compilação The World Won’t Listen. Este título era fruto da frustração de Morrissey pela falta de reconhecimento mundial e por a banda ainda se encontrar no circuito alternativo.O álbum chegou ao número dois das tabelas e aquele que viria a ser o último single dos The Smiths atingiu óptimos números e boa recepção.

Mas as tensões continuavam: o alcoolismo de Marr levou-o a fazer uma pausa em Junho de 87. No mês seguinte, sentindo-se incompreendido, Johnny deixou os The Smiths, quando leu um artigo “Smiths to Split”, pensando que era algo propositado para provocar a sua saída. Na verdade não era, tinha sido escrito baseado em rumores da alegada tensão entre Morrissey e Marr, que era de facto verdadeira. Negando estas razões, Marr justificou a saída da banda com o desejo de expandir a sua carreira musical. Morrissey e Marr atribuem este resultado final à falta de acompanhamento de um manager e ao excessivo stress.
Com o guitarrista Ivor Perry, a banda gravou algum novo material que nunca foi terminado. O ambiente não era o melhor. Perry disse que eles só procuravam um novo Marr. 

Quando o último álbum Strangeways, Here We Come foi lançado, os The Smiths estavam terminados. A relação entre Morrissey e Marr, mesmo depois da saída deste último desgastou a banda e o breaking point foi atingido. Este último álbum foi o mais bem sucedido nos Estados Unidos de toda a sua carreira. Depois do término dos The Smiths, Morrissey perseguiu uma carreira a solo, que continua ainda hoje com o relançamento (hoje, dia 18) de dois singles do álbum Viva Hate de 1988 e de uma compilação: The Very Best of Morrissey.

Johnny Marr também regressou à cena musical em 1989 com os Electronic, chegando a colaborar também com outros artistas e a criar uma banda sua: Johnny Marr and the Healers. Andy Rourke e Mike Joyce continuaram a trabalhar juntos. 
Apesar desta curta e atribulada história, os The Smiths foram e ainda são, uma das melhores bandas de sempre.

Comentários

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Roquivários no Luso Vintage

Link da imagem O início da década de 80 ficou marcado pelo aparecimento de diversas bandas rock no panorama nacional. A causa foi o estrondoso sucesso do álbum de estreia de Rui Veloso “Ar de Rock” que abriu caminho para novas bandas emergirem. Umas singraram na cena musical, até aos dias de hoje, caso é dos Xutos & Pontapés, UHF ou GNR, enquanto outras ficaram pelo caminho, após algum sucesso inicial. Destas destacam-se os Roquivários que encontraram no tema “Cristina” o seu maior êxito junto do público.    Por Carmen Gonçalves A banda formou-se em 1981 no seguimento do “boom” da cena rock, sob o nome original de “Rock e Varius”. Esta designação pretendia reflectir as influências musicais que passavam por vários estilos, não se cingindo apenas ao rock puro e duro. A música pop, o reggae e o ska eram variantes fáceis de detectar no seu som, e que marcaram o disco de estreia , “Pronto a Curtir”, editado em 1981.   Apesar de a crítica ter sido dura com o trabalho

Espaço "Rock em Portugal"

Carlos Barata é membro da Ronda dos Quatro Caminhos, uma banda de recriação da música tradicional portuguesa, que dispensa apresentações. Nos anos 70 do século XX foi vocalista dos KAMA- SUTRA, uma banda importantíssima, que, infelizmente, não deixou nada gravado. Concedeu-nos esta entrevista. Por Aristides Duarte  P: Como era a cena Rock portuguesa, nos anos 70, quando era vocalista dos Kama - Sutra e quais as bandas de Rock por onde passou?   R: Eu nasci em Tomar, terra que, por razões várias, sempre teve alguma vitalidade musical. Aí comecei com um grupo chamado “Os Inkas” que depois se transformou na “Filarmónica Fraude” com quem eu gravei a “Epopeia”, seu único LP. Quando posteriormente fui morar para Almada fui para um grupo chamado Ogiva, já com o Gino Guerreiro que foi depois meu companheiro nas três formações do Kama -Sutra. São estas as formações mais salientes a que pertenci embora pudesse acrescentar, para um retrato completo, outras formações de mais curt

Pedro e os Apóstolos no Luso Vintage

Link da imagem O gosto pela música é universal, “Mesmo para quem não é Crente”, como diria Pedro e os Apóstolos, uma banda nascida em 1992 e que hoje tem o seu momento na rubrica Luso vintage do Som à Letra. Por Gabriela Chagas Pedro de Freitas Branco, um cantor, compositor e escritor português , que a par deste projecto ficou também conhecido por ter sido co-autor de uma colecção de aventuras juvenis, "Os Super 4", é o Pedro da história.   Reza a história que tudo começou numa tarde de Fevereiro de 1992, numas águas furtadas de Lisboa. O apóstolo Gustavo pegou nas congas, o apóstolo Soares ligou o baixo a um pequeno amplificador de guitarra, e o apóstolo Pedro agarrou na guitarra acústica. Não pararam mais nos quatro anos seguintes. Em 92 produziram eles próprios um concerto de apresentação aos jornalistas e editoras discográficas em Lisboa que despertou o interesse das rádios , que acreditaram no grupo. Em Julho de 1996 gravaram o seu primeiro disco, “Mesmo para