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Espaço The Indies

The Human League - um ano, quatro concertos...


Bruno Viera com Phil Oakey, no concerto dos The Human League (4 de Agosto de 2007), na Praça do Comércio (Festival dos Oceanos)

Os The Human League estão de regresso, tendo editado a 21 de Março último o seu mais recente álbum “Credo”, dez anos depois de “Secrets”. Este facto apenas servirá de mote para partilhar uma situação curiosa que se passou comigo e não tanto para falar sobre a história desta banda, por sinal uma das mais importantes do período da New Wave.

 Por Bruno Vieira

Decorria o verão de 2006 e após folhear a Q Magazine, um anúncio em particular despertou-me a atenção, o concerto dos The Human League em Londres no Shepherds Bush Empire. Sendo a banda liderada por Phil Oakey uma das minhas preferidas pensei que seria um excelente pretexto para visitar Londres, juntando assim o útil ao agradável. Na altura lembro-me de pensar o quão improvável seria ver os The Human League em Portugal, que não demorei muito tempo a decidir dar um saltinho até Londres.

Parti então para a capital britânica e no dia 1 de Dezembro lá estava eu à porta no Shepherds Bush Empire preparado para o concerto. Escusado será dizer que adorei, foi como de uma viagem no tempo se tratasse, tendo a banda tocado quase todos os êxitos. O ambiente na sala, muito bonita por sinal (tipo Coliseu de Lisboa, mas mais pequena) foi fantástico. O público predominantemente acima dos 30 anos, como seria de esperar, correspondeu , e a noite foi no mínimo fantástica.

Passados alguns meses, um amigo meu falou-me que os The Human League vinham a Portugal, notícia que na altura pensei tratar-se de uma piada. Mas na verdade não era. Eles iam mesmo estar presentes por ocasião do 5º aniversário do Farol Design Hotel em Cascais ,a 30 de Junho. Não se tratou bem de um concerto, mas antes de uma festa na qual a banda apresentou alguns dos seus mais conhecidos êxitos. Apesar da curta actuação e do playback instrumental, o bom ambiente , bem como o local privilegiado, abrilhantaram este evento especial. Pensava eu que o capítulo The Human League em Portugal tinha ficado por aqui, mas estava enganado.

Ainda o verão de 2007 ia a meio, qual não foi o meu espanto quando soube que os The Human League estavam de regresso ao nosso país para uma actuação no Festival dos Oceanos a 4 de Agosto, junto de nomes como Expensive Soul e Marcelo D2. Apesar da pouca coerência do cartaz o evento era de livre acesso, tornando ainda mais fácil rever a banda de Sheffield, desta feita em ambiente de verdadeiro concerto, tendo como cenário a Praça do Comércio. Vesti-me a rigor com uma t-shirt trazida de Londres, facto que terá despertado a atenção de um casal de aparência nórdica , procurando informações sobre o local do concerto.

O bom tempo e o público em número apreciável ajudaram à festa. Os The Human League ofereceram uma actuação segura e muito completa, como se em nome próprio se tratasse. Foi um concerto tipo best of repleto de êxitos, com destaque para o álbum “Dare!”. Apesar da maior parte do repertório ser da década de 80, não esqueceram o bem sucedido álbum “Octopus” de 95. 

Para terminar em beleza o tema escolhido foi “Together in Electric Dreams”, contagiando todo o público , inclusive aquele que ali se encontrava para ver os outros artistas. Mas a cereja no topo do bolo estava reservada para depois do concerto,  quando Phil, Suzanne e Joanne, se disponibilizaram para tirar fotos com alguns fãs que os aguardavam, tornando a noite ainda mais inesquecível.

Mas a história não fica por aqui. A 1 de Dezembro de 2007, precisamente um ano depois do primeiro concerto, estou novamente a caminho de Londres. O cartaz anunciava o histórico álbum “Dare!” (de 1981) tocado na íntegra. Só por este facto já valia a pena a deslocação. O concerto teve lugar no majestoso Hammersmith Apollo (uma espécie de Aula Magna, mas com o triplo da lotação). Para além de “Dare!” os The Human League tocaram os habituais êxitos da praxe. 

Apesar da sala lotada, o facto de apenas haver lugares sentados,  de certa forma quebrou a energia do público, menos espontâneo no que toca a dançar. Tratou-se no entanto de um concerto interessante, embora sem o factor novidade do primeiro. No espaço de um ano e sem que nada o fizesse prever, tinha tido a oportunidade de assistir a quatro concertos de uma das minhas bandas de eleição. É caso para dizer, “não há fome que não dê em fartura”…

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