Avançar para o conteúdo principal

You Got Mail






De volta aos meses normais, o primaveril Março deu-nos mais três dias para ouvir e ver boa música. Ainda que diga-se, os anteriores vinte e oito não tenham sido nada maus. Um pouco à imagem da actual situação económica europeia; os números da facturação directa e indirecta com a música sofreram só em Portugal uma descida de 18 por cento. Vamos ter esperança em melhores dias com mais canções de qualidade e downloads em conformidade.

Por António Jorge

 E é precisamente de download em download que a jovem Californiana Rebecca Flack, autora de “ Friday”, eleita quase por unanimidade nos vários canais de critica especializada, como a pior canção de sempre; vê o seu tema subir à 40ª posição das músicas mais vendidas no ITunes, e soma já cerca de trinta milhões de visualizações no Youtube. Se eu tivesse uma bola de cristal, será que veria um Justin Bieber de saias? Futurologias e ficções à parte, os portugueses Clã posaram o novo “Disco Voador” em várias escolas para contarem e cantarem algumas das novas canções da banda. O sucesso foi mais que muito e rapidamente,”Disco Voador”, um álbum a pensar nos mais novinhos e mais novos, voou das escolas para os palcos, estando o próximo voo já marcado para este mês, com escalas previstas em vários pontos de venda. 

Também os The Gift estão de parabéns, não só porque, para não variar,  regressam com um excelente disco (de ruptura, segundo os próprios), mas também pela brilhante ideia de usar os actores Isabel Lucas e Lukas Haas no vídeo de “Made foy you”, single de avanço de Explode, assumindo estes, a autoria do tema. Durante duas semanas a sabedora e iluminada crítica norte-americana teceu gloriosos elogios ao duo Lucas & Lukas, chegando mesmo a considerá-los uma das maiores revelações dos últimos dez anos. Revelada a verdade e o fantástico rasgo de marketing dos The Gift, “Made for you”, rapidamente passou de uma sublime e brilhante canção do duo Lucas & Lukas, para uma boa canção de uma banda portuguesa. Bingo! Os The Gift têm direito a mais uma vénia; um dos concertos da banda em Lisboa foi acompanhado por linguagem gestual portuguesa e audiodescrição em directo. E sim, os The Gift são portugueses.Just in case!

Foi também em Março que o prestigiado New York Times decidiu (e bem) fazer um trabalho de fundo sobre o “nosso” Fado. 

Sete Grammys, um Oscar e centenas de discos e concertos depois, Phil Collins talvez embalado pelas cores e aromas primaveris, revelou em conferência de imprensa, que não voltará a gravar ou a cantar. 

Em contrapartida, os fãs de Dr. House podem continuar a sorrir porque Hugh Laurie, o actor/cantor que dá vida ao mais famoso médico de bengala, anunciou que o seu disco “Let them Talk” sairá em Abril. 

Notas finais para a edição na Europa do EP “Hormoaning”, dos Nirvana, ainda para a distribuição gratuita na baixa de Lisboa (e outras cinco cidades europeias) do Jornal Universal Sigh, órgão oficial dos Radiohead e finalmente, para o último concerto dos LCD Soundsystem, já amanhã Sábado, dia 2, em Nova York que pode (e deve) ser seguido em directo via Pitchfork.tv . Ah claro, o conceituadíssimo Oxford English Dictionary anunciou em Março que irá acrescentar à sua lista de palavras as siglas OMG (oh my god) e LOL (laughing out loud); há dúvidas?

Para o caminho, a ouvir as faixas de “Explode” vou pensando nas respostas para duas perguntas da Tia Elvira, minha ilustre vizinha de 85 anos. «ouve cá, quem são aqueles que ganharam o Festival da Canção?» e «porque é que o Elton Jones (sim, a Tia Elvira diz Elton Jones) disse na televisão que é uma mulher moderna?». Enfim, esta “Luta” diária é Alegria, pá!

P.S. Já tínhamos tido em 1994 Pink Floyd sem Roger Waters, dias 21 e 22 de Março tivemos Roger Waters sem Pink Floyd. Claro como água; não podemos ter tudo!

Comentários

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Roquivários no Luso Vintage

Link da imagem O início da década de 80 ficou marcado pelo aparecimento de diversas bandas rock no panorama nacional. A causa foi o estrondoso sucesso do álbum de estreia de Rui Veloso “Ar de Rock” que abriu caminho para novas bandas emergirem. Umas singraram na cena musical, até aos dias de hoje, caso é dos Xutos & Pontapés, UHF ou GNR, enquanto outras ficaram pelo caminho, após algum sucesso inicial. Destas destacam-se os Roquivários que encontraram no tema “Cristina” o seu maior êxito junto do público.    Por Carmen Gonçalves A banda formou-se em 1981 no seguimento do “boom” da cena rock, sob o nome original de “Rock e Varius”. Esta designação pretendia reflectir as influências musicais que passavam por vários estilos, não se cingindo apenas ao rock puro e duro. A música pop, o reggae e o ska eram variantes fáceis de detectar no seu som, e que marcaram o disco de estreia , “Pronto a Curtir”, editado em 1981.   Apesar de a crítica ter sido dura com o trabalho

Pedro e os Apóstolos no Luso Vintage

Link da imagem O gosto pela música é universal, “Mesmo para quem não é Crente”, como diria Pedro e os Apóstolos, uma banda nascida em 1992 e que hoje tem o seu momento na rubrica Luso vintage do Som à Letra. Por Gabriela Chagas Pedro de Freitas Branco, um cantor, compositor e escritor português , que a par deste projecto ficou também conhecido por ter sido co-autor de uma colecção de aventuras juvenis, "Os Super 4", é o Pedro da história.   Reza a história que tudo começou numa tarde de Fevereiro de 1992, numas águas furtadas de Lisboa. O apóstolo Gustavo pegou nas congas, o apóstolo Soares ligou o baixo a um pequeno amplificador de guitarra, e o apóstolo Pedro agarrou na guitarra acústica. Não pararam mais nos quatro anos seguintes. Em 92 produziram eles próprios um concerto de apresentação aos jornalistas e editoras discográficas em Lisboa que despertou o interesse das rádios , que acreditaram no grupo. Em Julho de 1996 gravaram o seu primeiro disco, “Mesmo para

REM no vídeo do mês

 Link da imagem Decorria o ano de 1985 quando pela primeira vez se ouviu o tema “Bad Day” num concerto dos REM em Nova Iorque. Contudo , só 18 anos mais tarde foi editado, tendo surgido na compilação de 2003, “In Time: The Best of REM 1988-2003”. Ainda que originalmente produzida em meados da década de 80, esta música manteve-se actual, tanto no som, como na letra crítica à sociedade americana. Por Carmen Gonçalves Originalmente dominado de “PSA”, uma abreviatura para “Public Service Announcement”, este tema surgiu como uma crítica às políticas do presidente dos Estados Unidos, Ronald Regan. Embora não tenha sido editado, foi o mote para o lançamento em 1987 de “ It's the End of the World as We Know It (And I Feel Fine) ”, um tema com uma cadência similar, que teve um estrondoso sucesso. A parecença dos dois temas não se centra só na letra cáustica de crítica à sociedade americana. Ao escutarmos o ritmo e a sonoridade de ambas, não se pode deixar de verificar as