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Modo Classic Rock

My Generation, by The Who

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No modo Classic Rock desta semana transmitimos um dos confrontos mais antigos e repetidos na história do Homem: Num canto da arena, pronto a combater, o tradicional “no meu tempo não era assim, onde é que este mundo vai parar?”; no canto oposto, gritando e esperneando,  o rebelde “Ninguém me compreende, eu sou diferente e quero encontrar o meu lugar”. O relato do duelo ouve-se na voz de Roger Daltrey e os The Who fazem o coro: “I’m talkin’ about my generation!”

Por Maria Coutinho

Trata-se da música dos The Who que mais alto voou nos tops europeus, e o facto de ter uma letra simples e directa , versando um tema universal - o conflito de gerações - pode ter dado uma ajuda. Afinal quem é o jovem que não vibra em feedback a este vigoroso protesto “proto-punk”? Especialmente na Inglaterra dos anos 60, onde em cada esquina, em cima da sua scooter, havia um “mod” (abreviatura de “modern”) de casaco de cabedal pronto a fazer eco de qualquer rebelião juvenil que despontasse.

Mas a música que deu o título ao álbum “My Generation”, de 1965, contava com mais alguns trunfos para chegar onde nenhum trabalho da banda chegara antes: a irreverência da composição, o gaguejar (propositado, de forma a lembrar alguém em speed – a droga mod por excelência) e, “last but not least”, a (literalmente) estrondosa actuação no programa Smothers Brothers Comedy Hour.

E porque destacamos esta exibição ao vivo e não outra? Porque neste famoso programa de Tv , Pete Townsend e companhia não se limitaram ao ritual de distorção e guitarras partidas que já lhes era habitual nas saídas de palco. Desta vez juntaram um efeito pirotécnico, mandando instalar explosivos na bateria de Keith Moon, que seriam detonados quando uma das guitarras fosse esmagada contra eles… Mas algo correu terrivelmente mal, a explosão foi muito maior do que se previa e, além de ficar com o cabelo em chamas, o guitarrista acabou com uma lesão definitiva no ouvido.




Não esquecer  que esta música deixou marcas em mais ouvidos do que o de Pete Townsend. A lista de bandas que contribuíram para o mito com versões próprias do tema é enorme e passa por nomes tão emblemáticos como os de Alice Cooper, Oasis, Greenday, Phish, Patti Smith e Iron Maiden.



E não podemos deixar de mencionar a versão de Hilary Duff, a estrela adolescente que mudou a letra da música, tornando-a um pouco mais cor-de-rosa, e que foi altamente contestada pelo público, levando mesmo a revista Rolling Stone a considerar que esta foi uma das piores versões alguma vez feitas.

"My generation" é uma daquelas obras que marcam pela novidade, pela qualidade, mas também pela atitude. E não marcam uma geração, mas muitas. O aparente conflito entre jovens e adultos há-de existir sempre e enquanto houver juventude para a descobrir, e adultos para a lembrar, a distorção explosiva do tema continuará a inspirar a rebelião juvenil de muitas mais gerações.

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