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O que faria se, depois de uma noite de copos, em que depois de seduzido por uma exótica mulher, e de aceitar acompanhá-la a casa após uma noite envolvente…. a mesma lhe revelasse que era, afinal, um homem? Em Inglaterra, os The Kinks fizeram de “Lola” um verdadeiro Classic Rock... para recordar.
Por Maria Coutinho
Há quem diga que a letra é autobiográfica , e que Ray Davies teria mesmo tido um “affaire” com uma travesti famosa, Candy Darling, a quem Lou Reed também se referiu num verso de “Walk on the Wild Side” . Na biografia oficial da banda, o vocalista desmente esta versão, revelando que o caso é verídico, sim, mas foi protagonizado por Robert Wace, então empresário da banda.
Como é fácil imaginar , o tema deu que falar, e chegou mesmo a ser proibido de rodar na British Broadcasting Company (BBC), forçando Ray Davies a viajar de propósito da América para Inglaterra com o objectivo de gravar uma nova versão que a estação aprovasse. O que surpreende, num país como a Inglaterra dos anos 70, onde tantas músicas foram banidas da BBC por terem conteúdo sexual mais ou menos explícito, é que a proibição nada teve a ver com o tema do transformismo. O problema era, afinal, uma referência (considerada publicitária) à marca Coca-Cola, que acabou substituída pelas palavras “cherry cola”.
Apesar deste contratempo, e das questões eventualmente levantadas pelos irmãos Davies quanto à sua autoria, a música teve um percurso brilhante. Os The Kinks não tinham um grande êxito comercial há alguns anos quando o tema “Lola” foi editado em 1970, e a música foi escrita para devolver o nome da banda às tabelas de vendas e às playlists radiofónicas.
Uma das sequências de acordes mais conhecidas da história do rock, a batida bem cadenciada e a letra com um tema polémico foram os ingredientes para esta receita de sucesso. O tema alcançou lugares cimeiros nas tabelas de vendas de ambos os lados do Atlântico e colocou definitivamente o nome da banda entre os Clássicos do Rock que nunca serão esquecidos pelo público.
Na conservadora Inglaterra dos anos 70, “Lola” teve sorte e (ainda bem!) entrou para a história da música. Acabou com o seu nome imortalizado na história do Rock, num tema que acaba com estas palavras, num exercício típico do que é o famoso humor inglês:
“Well I'm not the world's most masculine man
But I know what I am and I'm glad that I'm a man
And so is Lola”
(Posso não ser o homem mais másculo do mundo
Mas sei o que sou e sou feliz por ser homem
E também o é a Lola)
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