"15 Minutos de Fama" é uma rubrica que, de tempos a tempos, irá surgir no espaço “The Indies” e especialmente dedicada a nomes que viram a suas carreiras reconhecidas durante um período relativamente curto mas que, mesmo assim, conseguiram algo mais do que um mero "One Hit Wonder". Apesar do músico escolhido, Paul Young, não estar propriamente conotado com o universo indie, neste caso interessa mais a abordagem do que o facto do mesmo ser ou não deste estilo musical.
Por Bruno Vieira
Em meados da década de 80, Paul Young chegou a fazer parte da elite da pop britânica. Era mais ou menos um Cliff Richard da nova geração, que fez bater o coração de muitas raparigas. Natural de Luton, Bedfordshire, destacou-se pela primeira vez como vocalista dos The Streetband no final dos Anos 70. Mais tarde vieram os Q-Tips, projecto vocacionado para a Soul Music que viria a servir de rampa de lançamento para a carreira a solo.
O primeiro álbum “No Parlez” foi uma grande revelação ao chegar a Nº1 do Top Britânico em meados de 83. Sem perder a indentidade Soul, Paul Young virou-se para sonoridades mais Pop , a tocar a New Wave. A fórmula resultou na perfeição com três singles de grande sucesso, “Wherever I Law My Hat” (Nº1), “Come Back and Stay” (Nº4) e “Love of the Common People” (Nº2).
Ao contrário de muitos artistas e bandas britânicas que praticamente só foram conhecidos no seu país ou, quanto muito, no resto da Europa, a popularidade de Paul Young foi bem mais longe, especialmente nos Estados Unidos. Seguiu-se uma digressão mundial, a participação no projecto Band Aid e a actuação no Live Aid em 85.
Com um início de carreira bastante prometedor aguardava-se com expectativa o sempre difícil segundo álbum. Na primavera de 85 é finalmente editado “The Secret of Association”, depois de alguns problemas de saúde terem afectado a sua voz. Mas a espera valera a pena. O segundo álbum foi um digno sucessor de “No Parlez”. Apesar de ter permanecido menos tempo no Top Britânico, chegou igualmente a Nº1. Singles como “I´m Gonna Tear Your Playhouse Down” (Nº9), “Everything Must Change” (Nº9), “Everytime You Go Away” (Nº4) e “Tomb of Memories” (Nº16), tornaram-se grandes êxitos. A popularidade de Paul Young estava, por esta altura, ao nível das principais estrelas da música britânica.
O facto da maior parte do repertório de Paul Young basear-se em versões Soul e R&B, em nada afectou o seu reconhecimento enquanto intérprete de qualidade. Depois de alcançar o topo e se exceptuarmos o êxito de “Senza Una Donna” (dueto com Zucchero) que chegou ao 4º lugar do Top Britânico em 1991, a carreira entrava agora numa fase menos mediática, melhor sucedida em termos de álbuns do que singles.
“Between Two Fires” (1986) e “Other Voices” (1990) chegaram ambos à 4ª posição, resultados relevantes quando comparados com os singles que não marcaram presença no Top 20. Apesar de boas canções, “Wonderland” e “Some People” não foram além de 24º e 56º lugares, respectivamente. Em 1991, “From Time To Time - The Singles Collection” entra directamente para Nº1, dos quatro inéditos destacam-se o já referido “Senza Una Donna” e “Don`t Dream It`s Over”, original dos Crowded House. Os álbuns que se seguem pautam-se pela discrição, com “The Crossing” (1993) a registar o melhor resultado no Top Britânico (um modesto 27º lugar) ao longo da década de 90. Melhor só mesmo o single “Now I Know What Made Otis Blue”, em 14º.
Como já foi referido os problemas relacionados com a voz marcaram a carreira de Paul Young, forçando-o a algumas paragens que, no entanto, não puseram em causa a sua qualidade enquanto músico. Aquando da deslocação a Portugal a fim de participar nos Globos de Ouro da SIC (há uns anos atrás), de facto, a voz não se encontrava nas melhores condições. Com maior ou menor exposição mediática podemos, com toda a justiça, considerar Paul Young um nome de relevo da Pop-Soul Britânica dos Anos 80.
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