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Espaço "The Indies"




Num filme sempre electropop… The Human League

Recentemente três populares bandas do período da New Wave voltaram aos discos. Os Orchestral Manoeuvres in the Dark (ou OMD) com “History of Modern”, primeiro de originais em catorze anos desde “Universal”. Os Duran Duran com “All You Need Is Now”, apenas três anos volvidos sobre “Red Carpet Massacre” e os The Human League com “Credo”, depois de um hiato de dez anos desde o lançamento do seu último trabalho “Secrets”. É sobre estes últimos que vamos falar um pouco…

Por Bruno Vieira

Se do cruzamento dos The Sex Pistols com os Chic resultaram os Duran Duran, como os próprios gostam de afirmar, os The Human League terão nascido da fusão dos Kraftwerk com Eno (até 1980) ou com os Roxy Music e Bowie nos anos seguintes.

Naturais de Sheffield, formaram-se em 1977 e desde cedo seguiram uma linha electrónica experimentalista, tendo editado os álbuns “Reproduction” em 1979 e “Travelogue” em 1980, ambos com passagem discreta no Top Britânico. O single “Empire State Human” do primeiro álbum é hoje a música mais representativa deste período.


Mas em 1981 tudo mudou com “Dare!”. Considerado por muitos como um dos mais importantes e representativos álbuns de Synth Pop de sempre, quebrou em parte com o experimentalismo dos primeiros tempos imprimido pelo vocalista Phil Oakey, ao tornar a electrónica mais acessível. Os ritmos frios da electrónica analógica eram agora aquecidos com melodias e, também, com as vozes dos novos elementos Susanne Sulley e Joanne Catherall. “Dare!” teve o poder de transformar uma banda praticamente desconhecida num caso sério de popularidade no início dos Anos 80.


O single “Don´t You Want Me” chegou ao 1º lugar das tabelas de vendas britânica e norte-americana tornando-se num mega-sucesso, a mesma posição alcançada pelo álbum e temas como “The Sound of the Crowd”, “Love Action” e “Open Your Heart” tornam-se também grandes êxitos. Mas a pérola esquecida de “Dare!” surge logo no início do álbum é dá pelo nome “The Things That Dreams Are Made Of”.





No ano seguinte é editado “Love and Dancing”, um álbum com versões instrumentais baseado nas músicas de “Dare!”, remisturadas e produzidas por Martin Rushent.  O sucesso do álbum dava para tudo . até para recuperar com sucesso um tema quase esquecido do segundo  álbum “Travelogue”, “Being Boiled”.




 dois produtores abandonaram o barco e temas como o rockeiro “The Lebanon” e outros Em 83 é lançado o EP “Fascination!” com os singles “Mirror Man” e “(Keep Feeling) Fascination”, ambos a chegarem a nº 2 do Top Britânico.

Com “Dare!” a assumir-se, quase, como o disco de estreia, o álbum seguinte não teria vida fácil. O sempre difícil 2º álbum, neste caso, 4º de originais “Hysteria” de 84, desapontou bastante. As coisas não correram bem desde o início: dois produtores abandonaram o barco e temas como o rockeiro “The Lebanon” e outros como “Life on Your Own” e “Louise” tornram-se êxitos de menor escala, ainda assim perduraram.




Em 1986 são recrutados os produtores R&B Jimmy Jam e Terry Lewis para o novo álbum “Crash”. Com uma sonoridade em sintonia com os novos ritmos de dança, “Crash” não se sai mal nos Estados Unidos, onde o single “Humam” chega ao 1º lugar. Em Inglaterra o sucesso de “Human” é ligeiramente menor (8º lugar), mas os singles “I Need Yout Loving” e “Love Is All That Matters” ficam-se por posições bastante modestas.

Em 1990 os The Human League atravessam um período bastante incaracterístico, à semelhança de muitas bandas da sua geração que parecem não saber que rumo seguirem, como os Duran Duran.


“Romantic?”, considerado a par de “Secrets” como os álbuns mais pobres da banda falha o Top 20 e o single “Heart Like a Wheel” não consegue melhor do que um 29º lugar. “Soundtrack to a Generation”, do mesmo álbum, apesar de ser uma música interessante, não obtém reconhecimento significativo.



Teríamos de esperar quase cinco anos por novo disco até que é lançado “Octopus”. Com uns The Human League a recuperarem a sonoridade Synth Pop que lhes deu crédito, “Octopus” é o melhor álbum depois de “Dare!”. A banda recupera algum do fôlego perdido, obtendo resultados bastante satisfatórios. Quer o álbum quer o single de apresentação “Tell Me When” chegam ao 6º lugar. “These Are the Days” é uma boa música, mas é na terceira faixa que se encontra a pérola do álbum “One Man in My Heart”.


No início do novo milénio é editado “Secrets”. Seis anos volvidos depois de “Octopus”, esperava-se mais mas, o penúltimo trabalho da banda não teve argumentos para se impor, tornando-se no álbum com pior desempenho de sempre nas tabelas de vendas. Um ligeiríssimo destaque para o single “All I Ever Wanted” e pouco mais.


Embora sem álbuns lançados, a banda manteve ao longo de dez anos uma actividade regular em matéria de concertos, dois dos quais em Portugal em 2007. O ano de 2011 é marcado pelo regresso de Phil Oakey e “senhoras” aos álbuns, com “Credo”, recentemente lançado. É certo que não se espera o sucesso de outros tempos, mas o simples facto destes veteranos do electropop terem material novo, só por si, é digno de registo. Há cerca de dois meses o semanário musical britânico NME deu destaque ao single “Nevel Let Me Go”.





A segunda faixa do álbum “Night People”, parece igualmente interessante, constituindo indicadores importantes para que este regresso não seja apenas um mera formalidade. Atendendo ao contexto musical actual, “Credo” parece ter mais argumentos para não cair no esquecimento que o seu antecessor. A ver vamos se estaremos perante um “filme electropop” para mais tarde recordar…

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