Avançar para o conteúdo principal

Espaço "Rock em Portugal"

.
ZÉ  LEONEL (1960- 2011)
                                                                        Por Aristides Duarte

José Leonel Perfeito foi membro fundador dos Xutos & Pontapés, juntamente com Zé  Pedro, Kalú e Tim. Foi o primeiro vocalista dos Xutos. Faleceu no passado dia 21 de Abril, com 50 anos, vítima de cancro no fígado.

No primeiro concerto, a 13 de Janeiro de 1979, que os Xutos efectuaram, nos Alunos de Apolo, em Lisboa, lá estava Zé Leonel com os Xutos. Zé Leonel era o que tinha a atitude mais Punk de todos os membros dos Xutos.

Foi um concerto muito rápido, em que os Xutos tocaram temas como “A Tua Namorada”, “Não Me Chames Herói (Chama-me N.º 1)”, “Sexo”, “O Freak e a Freak” e “Sacaninha”, todos cantados por Zé Leonel. Este concerto, que comemorava os 25 anos do Rock’n’Roll foi o da despedida dos Faíscas e os Xutos apareciam sob o nome de Xutos & Pontapés Rock’n’Roll Band.     

 Zé Leonel trabalhava nos Telefones de Lisboa e Porto (TLP) e dedicava-se aos Xutos. Antes disso, Zé Leonel era uma espécie de agitador ao serviço da banda Punk Faíscas, com a qual esteve em vários locais do país, provocando o público no sentido de atrair as atenções sobre a banda. Sujeitou-se, por isso, a várias situações difíceis, como uma que aconteceu em Espinho, quando todos tiveram que fugir, porque o público perseguiu os membros dos Faíscas, após uma série de peripécias acontecidas no concerto. 

O Zé Leonel era autor de várias letras de músicas dos Xutos, entre as quais “Sémen”, incluída no primeiro single da banda, quando ele já nem pertencia à formação. Em 1981, Zé Leonel abandonou os Xutos & Pontapés e estes passaram a ter Tim nas vozes. Esteve na génese dos Peste & Sida, influenciou os Heróis do Mar e fundou os Amor de Perdição e os Ex- Votos. Numa entrevista concedida ao autor desta crónica e publicada no “Nova Guarda” de 23 de Abril de 2008, Zé Leonel referia. “O Rock, para mim, não é um negócio; é uma opção de vida – o amor!”.

Com os Ex- Votos gravou vários álbuns, tais como “Cantigas do Bloqueio”, “Cantigas do Faz-de-Conta” ou “Benditos Sejam”. O tema mais conhecido dos Ex-Votos era “Subtilezas Porno- Populares”, conhecido como “Pimba”.





Durante uns tempos foi formador na área das telecomunicações, tendo exercido essa actividade em Portugal e em Angola.

Tive a honra de conhecer pessoalmente o grande Zé Leonel, em 2003, aquando de um concerto dos Ex-Votos no Sabugal. Desde aí ficámos amigos. 

Num livro que Zé Leonel escreveu, há dois anos, intitulado “Histórias (Daquelas Que Eu Vi)”, tive a honra de participar com um depoimento sobre a minha relação com a música portuguesa e com o Zé Leonel em particular.

O fatal cancro do fígado foi-lhe diagnosticado há seis meses. Zé Leonel continuou, no entanto, em actividade tendo regressado com os Ex-Votos. 

O seu último concerto aconteceu no passado dia 12 de Abril, no Centro Cultural da Malaposta. Zé Leonel, já bastante debilitado, actuou numa cadeira de rodas, tendo sido acompanhado por Kalú (na bateria) no tema “Sémen”. Foi um concerto memorável, tendo em conta o que se reproduz em vários vídeos na Internet.

RIP, grande Zé Leonel…

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Roquivários no Luso Vintage

Link da imagem O início da década de 80 ficou marcado pelo aparecimento de diversas bandas rock no panorama nacional. A causa foi o estrondoso sucesso do álbum de estreia de Rui Veloso “Ar de Rock” que abriu caminho para novas bandas emergirem. Umas singraram na cena musical, até aos dias de hoje, caso é dos Xutos & Pontapés, UHF ou GNR, enquanto outras ficaram pelo caminho, após algum sucesso inicial. Destas destacam-se os Roquivários que encontraram no tema “Cristina” o seu maior êxito junto do público.    Por Carmen Gonçalves A banda formou-se em 1981 no seguimento do “boom” da cena rock, sob o nome original de “Rock e Varius”. Esta designação pretendia reflectir as influências musicais que passavam por vários estilos, não se cingindo apenas ao rock puro e duro. A música pop, o reggae e o ska eram variantes fáceis de detectar no seu som, e que marcaram o disco de estreia , “Pronto a Curtir”, editado em 1981.   Apesar de a crítica ter sido dura com o trabalho

Pedro e os Apóstolos no Luso Vintage

Link da imagem O gosto pela música é universal, “Mesmo para quem não é Crente”, como diria Pedro e os Apóstolos, uma banda nascida em 1992 e que hoje tem o seu momento na rubrica Luso vintage do Som à Letra. Por Gabriela Chagas Pedro de Freitas Branco, um cantor, compositor e escritor português , que a par deste projecto ficou também conhecido por ter sido co-autor de uma colecção de aventuras juvenis, "Os Super 4", é o Pedro da história.   Reza a história que tudo começou numa tarde de Fevereiro de 1992, numas águas furtadas de Lisboa. O apóstolo Gustavo pegou nas congas, o apóstolo Soares ligou o baixo a um pequeno amplificador de guitarra, e o apóstolo Pedro agarrou na guitarra acústica. Não pararam mais nos quatro anos seguintes. Em 92 produziram eles próprios um concerto de apresentação aos jornalistas e editoras discográficas em Lisboa que despertou o interesse das rádios , que acreditaram no grupo. Em Julho de 1996 gravaram o seu primeiro disco, “Mesmo para

Espaço "Rock em Portugal"

Carlos Barata é membro da Ronda dos Quatro Caminhos, uma banda de recriação da música tradicional portuguesa, que dispensa apresentações. Nos anos 70 do século XX foi vocalista dos KAMA- SUTRA, uma banda importantíssima, que, infelizmente, não deixou nada gravado. Concedeu-nos esta entrevista. Por Aristides Duarte  P: Como era a cena Rock portuguesa, nos anos 70, quando era vocalista dos Kama - Sutra e quais as bandas de Rock por onde passou?   R: Eu nasci em Tomar, terra que, por razões várias, sempre teve alguma vitalidade musical. Aí comecei com um grupo chamado “Os Inkas” que depois se transformou na “Filarmónica Fraude” com quem eu gravei a “Epopeia”, seu único LP. Quando posteriormente fui morar para Almada fui para um grupo chamado Ogiva, já com o Gino Guerreiro que foi depois meu companheiro nas três formações do Kama -Sutra. São estas as formações mais salientes a que pertenci embora pudesse acrescentar, para um retrato completo, outras formações de mais curt