Avançar para o conteúdo principal

The Divine Comedy em Modo Pop



Solitário ao piano e apenas acompanhado por um copo de vinho, à frente de uma banda ou até de uma ensemble de 15 músicos, Neil Hannon é o perfeito irish dandy-gentleman, trajando a rigor um impecável fato completo, bengala e chapéu de coco. Compositor genial, com um refinado sentido de humor, Neil transporta-nos para universos delicodoces e épicos ao som da The Divine Comedy. 

Por Susana Terra 

Com apenas 18 anos o jovem Neil Hannon e dois colegas de liceu formam os The Divine Comedy, nome claramente inspirado na obra-prima do italiano Dante Alighieri , que ocupava as prateleiras de livros da sua casa materna. Aliás, as referências literárias nunca deixarão de acompanhar as composições líricas de Neil: a canção “Three Sisters” baseia-se numa peça de Anton Chekov ou “Lucy” ,na poesia de Wordsworth. O próprio Neil foi já agraciado com o James Joyce Award, pela University College of Dublin. 

Mas retomemos o percurso da banda, ou melhor, do homem que introduziu a pop barroca, com direito ao distinto som do cravo, no universo musical. Após o fracasso de vendas aquando do lançamento dos EPs iniciais (Fanfare for the Comic Muse, Timewatch e Europop), Neil fica só e persiste. Em 1993 lança Liberation, cujo single “Lucy” começa a esculpir os degraus que conduzirão The Divine Comedy ao sucesso. O ponto de viragem surgiria com o álbum Casanova (1996), aclamado pela crítica e com temas memoráveis como “Something for the Weekend”, “The Frog Princess” ou “Becoming More Like Alfie”, que conta também com uma versão em francês.  



O álbum que se segue, "A Short Album about Love," apresenta-nos o single “Everybody Knows (Except You)”, tema entre nós popularizado pela versão literal que dele fizeram os Delfins (sim, esses mesmos, lembram-se?). Em 1998 surge a masterpiece de Neil, o álbum Fin de Siècle, com temas como “Generation Sex”, “Sweden” ou “National Express”. 



Consolidada a carreira e a qualidade das composições de Neil, alicerçadas em diversas colaborações com artistas de renome no circuito alternativo, o incansável músico continuou a surpreender o público com os álbuns "Regeneration", "Absent Friends", "Victory for the Comic Muse" e "Bang Goes the Knighthood", último título que nos presenteia com o single “Indie Disco”, um tributo aos seus heróis musicais, como Morrissey. 



Ainda neste mês de Maio, The Divine Comedy marcou presença na Queima das Fitas do Porto. Embora um ambiente mais intimista de sala de espectáculos funcione melhor, sobretudo no formato “only Neil”, a sua surpreendente capacidade de entertainer, a par do seu mordaz sentido de humor cativa desde logo a audiência, mesmo a mais distante e quiçá embrutecida pelas tradicionais sonoridades da Queima.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Pedro e os Apóstolos no Luso Vintage

Link da imagem O gosto pela música é universal, “Mesmo para quem não é Crente”, como diria Pedro e os Apóstolos, uma banda nascida em 1992 e que hoje tem o seu momento na rubrica Luso vintage do Som à Letra. Por Gabriela Chagas Pedro de Freitas Branco, um cantor, compositor e escritor português , que a par deste projecto ficou também conhecido por ter sido co-autor de uma colecção de aventuras juvenis, "Os Super 4", é o Pedro da história.   Reza a história que tudo começou numa tarde de Fevereiro de 1992, numas águas furtadas de Lisboa. O apóstolo Gustavo pegou nas congas, o apóstolo Soares ligou o baixo a um pequeno amplificador de guitarra, e o apóstolo Pedro agarrou na guitarra acústica. Não pararam mais nos quatro anos seguintes. Em 92 produziram eles próprios um concerto de apresentação aos jornalistas e editoras discográficas em Lisboa que despertou o interesse das rádios , que acreditaram no grupo. Em Julho de 1996 gravaram o seu primeiro disco, “Mesmo para ...

Citizen Kane na Máquina do Tempo

Link da imagem Texto original: Miguel Ribeiro Locução: Irene Leite Adaptação e Edição: Irene Leite

Aqui D´el Rock no Luso Vintage

Play Hard, die young   Link da imagem  Chegaram. Reinvidicaram.Terminaram. Foi assim o percurso dos Aqui D`el Rock, curto mas intenso. O grupo , formado há 34 anos,  fez escola no punk e acabou a fazer história no Boom do rock português nos anos 80. Para recordar no Luso Vintage desta semana.  Por Gabriela Chagas              Aqui d´el Rock viveu rápido e bem. Assim o descreve um dos seus membros, Óscar, a voz. “Nunca houve a questão de fazer uma carreira, uma repetição, um enjoo”, reforça.             Em conversa com o Som à Letra, Óscar explica que este grupo, que nasceu em 1977, acabou por ser reclamado pelo Punk, ficando mais próximo do punk de raiz americana do que do punk arty de raíz inglesa.  Uma caracterização que afirma ter sido reforçada recentemente com um comentário que leu numa publicação inglesa.      O...