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Sétima Legião no Luso Vintage


Quem os ouviu não esquece. Sétima Legião é uma das bandas mais  emblemáticas dos anos 80 , cujo talento se perpetua no tempo…Um nome histórico inspirado na legião romana enviada à Lusitânia , e que acabou por ficar para a história. Impossível não lembrar , ou recusar o convite do Luso Vintage desta semana.


Por Gabriela Chagas


Uma mistura de estilos com uma “carga sonora” muito tradicional embalada por instrumentos como a gaita-de-foles ou o acordeão. Procuro-os, por vezes, seguindo o mote de um dos seus sucessos “Por quem não esqueci”, revelado no LP “De Um Tempo Ausente”, editado em 1989.


Há uma voz de sempre,
Que chama por mim.
Para que eu lembre,
Que a noite tem fim.


Ainda procuro,
Por quem não esqueci.
Em nome de um sonho,
Em nome de ti.


Criada em 1982 por Rodrigo Leão (baixo e teclas), Nuno Cruz (bateria, percussão) e Pedro Oliveira (voz e guitarra), a banda trouxe-nos o encanto das palavras embaladas por uma sonoridade contagiante. Ao grupo juntaram-se ainda Gabriel Gomes (acordeão), Paulo Marinho (gaita de foles, flautas), Ricardo Camacho (teclas), Paulo Abelho (percussão), Susana Francisco Menezes (letras, coros).


Alguns destes nomes continuam a produzir arte, bastando pensar apenas na sólida carreira a solo de Rodrio Leão. Como em muitas outras bandas , na génese de tudo está a amizade, o talento e o gosto pela música. Neste caso esse elo comum levou à conquista de um segundo lugar num concurso de música.


A Fundação Atlântica (editora discográfica de Pedro Ayres Magalhães, Ricardo Camacho e Miguel Esteves Cardoso) contrata o grupo em 1983, ano em que gravam o single "Glória" , com letra de Miguel Esteves Cardoso. O trabalho recebe grandes elogios da crítica, mas não obtém grandes favores da rádio e passa quase despercebido.


Segue-se a edição do LP “A um Deus desconhecido”, em 1984. Contudo, foi em 1987 que a carreira dos Sétima Legião despoletou com a edição de “Mar de Outubro”, que inclui êxitos tão conhecidos como Sete Mares e Noutro Lugar. A este LP seguiram-se outros, como “De um Tempo Ausente”, “O Fogo” em 1992, “Auto de Fé” em 1994.



Em 1999, quando já se pensava que a banda tinha desaparecido, sai “Sexto Sentido”, um disco onde a electrónica é dominante e os "samplers" de temas recolhidos por Michel Giacometti e Ernesto Veiga de Oliveira têm destaque.

Finalmente em 2000 é lançado “A história da Sétima Legião”, uma colectânea de canções de 1993 a 2000.


Falar de música dos anos 80, para quem os viveu, e não fazer uma referência/reverência a este grupo é ignorar um pouco da sua própria história, da sua “Glória”, da alma portuguesa . É escolher ficar “Tão só”.

 
Ficam para sempre as “Saudades” dos sons.


 

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