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O Verão Eterno d`Os Capitães da Areia
A música portuguesa está a atravessar um bom momento e Os Capitães da Areia são, sem sombra de dúvida, legítimos protagonistas deste período. Se os temas “Bailamos No Teu Microondas” e “Capitão Bomba” anteviam já o que poderia vir aí, a confirmação fez-se no concerto de apresentação do seu primeiro longa-duração “O Verão Eterno”, na passada sexta-feira 11/11/11, no espaço TMN Ao Vivo, perto do Cais do Sodré, em Lisboa. Era com alguma expectativa que aguardava o concerto desta formação lisboeta, em relação à qual apenas conhecia três temas.
Por Bruno Vieira
No final, senti-me contagiado pelo eterno espírito veraneante da banda, apesar do tempo ser já o de típico Outono. Mas por momentos foi o Verão quem reinou, ou não estivéssemos no Verão de S. Martinho. No final do concerto, sem calções nem toalha, mas bem aquecido pela boa música da banda, o público que em bom número acorreu ao TMN ao Vivo, não deu pelo tempo mal empregue, muito pelo contrário.
Com um atraso considerável em relação à hora prevista, mas suficiente para compor a sala, o ambiente foi-se fazendo à medida que o público heterogéneo (misto de groupies, amigos, família e demais) ia chegando. Não era bem dos 8 aos 80, mas quase, conferindo ao espaço uma agradável atmosfera familiar.
As movimentações no palco indiciavam o início dos trabalhos, enquanto eram projectadas algumas imagens onde sobressaía um jogo “quantos-queres” de papel. Logo de seguia os elementos da banda, à excepção do vocalista e meninas do coro, perfilaram-se juntos dos respectivos instrumentos dando início à introdução. A entrada em palco do Capitão Pedro de sombrinha oriental na mão e envergando um “look navy”, juntamente com as meninas do coro, fez-se ao som dos primeiros acordes do tema “Capitão Bomba”. O microfone coberto por uma bandeira “que não era de França” quase escondia a figura franzina e tímida do Capitão Pedro, que à medida que o concerto foi decorrendo, adquiriu mais confiança ora coreografando ritmos e batidas ora soltando algumas palavras frias e distantes, mas nem por isso arrogantes. Seguiu-se “Brincos de Cereja”, tema de abertura do álbum.
Pelo meio, os incontornáveis “Bailamos No Teu Microondas”, bem como o mais recente single “Dezassete Anos” animaram e bem o público.
Para finalizar “Dezassete Anos” teve direito a repetição, desta feita cantada pelo Capitão Pedro às cavalitas do padrinho da banda , Manuel Fúria, abrindo caminho por entre o público. Depois de uma queda que felizmente, não teve consequências de maior, o Capitão Pedro deu por encerrada a actuação com os pés bem assentes no chão e em clima de festa. Que melhor final Os Capitães da Areia poderiam dar ao público presente? Em contraste com o nervoso miudinho que pairava no ar aquando da preparação da introdução e que rapidamente se dissipou, dando lugar a uma actuação segura e competente, pese embora a voz do Capitão Pedro nem sempre se fizesse ouvir nas melhores condições.
Mais do que qualquer outro tema, houve um que me despertou a atenção, tratou-se de “Raparigas da Minha Idade”, com direito a repeat em casa, no carro e no leitor de mp3. A ver vamos se terá direito a vídeo, com o habitual toque naif a que os Capitães já nos habituaram. As versões de “Alegria” (clássico dos Heróis do Mar) bem como de “Rapazes de Lisboa” (do também ex-Heróis do Mar , Paulo Pedro Gonçalves), não passaram despercebidas. Não terão sido escolhidas ao acaso para preencher o ainda curto repertório da banda. De facto, a música de Os Capitães da Areia tem muito do pop/rock português dos Anos 80, com claras influências de nomes como Radar Kadafi, Afonsinhos do Condado ou Heróis do Mar. A fórmula não sendo original, mas com provas dadas no passado, pode ser reinventada agora com identidade própria e adaptada aos dias de hoje sem parecer ridícula. A música de Os Capitães da Areia é um misto de juventude, alegria e inocência, que resulta numa atmosfera ao mesmo tempo descontraída e dançável. Quando os Capitães afirmam querer viver O Verão Eterno, não é mais do que o desejo de desfrutarem a vida bem vivida. Como dizia o saudoso Raul Solnado, “façam o favor de serem felizes”…
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