Lissabon
Amor à Letra
O Som à Letra foi falar com os Lissabon. A banda lisboeta respondeu em peso, numa conversa a quatro. Garcêz, Soraia, Pedro e Inês prestam um tributo à cidade de Lisboa, e perseguem o sucesso. Para eles, o amor é o principal motor da música e nós aprovamos.
Por Júlia Rocha
Como começaram os Lissabon e onde procuram inspiração para o vosso som?
Garcêz: Os Lissabon começam com a vontade do Pedro e da Inês em continuar a tocar juntos e compor novos temas depois do fim dos You Should Go Ahead. Depois entrou a Soraia e através de um amigo comum soube que procuravam baterista e candidatei-me ao cargo e por aqui estou. Não acredito muito na inspiração. Acredito no trabalho e na dinâmica de fazer coisas e criar conteúdos. Acho que cada vez mais o consumo está na capacidade de reciclares conteúdos que te vão sendo dados nas plataformas que usas diariamente.
Soraia: Os Lissabon nasceram de uma ruptura com o passado e do desejo de criar algo novo e fresco, por um lado, e da vontade de partilhar
emoções através da música, que todos tinhamos, cada um do seu jeito,·por outro.
Pedro: De uma infindável lista de nomes, um deles era Von Lissabon, significa: de Lisboa. Curiosamente, o membro mais nortenho da banda, propôs retirar o Von e ficar só Lissabon... Todos gostamos... É uma espécie de tributo à cidade onde vivemos! A inspiração... as harmonias, melodias e o ritmo.
Inês: A vontade de tocar, ensaiar, gravar, dar concertos e passar bons
momentos com amigos!
Como é que se caracterizam? As diferenças entre vocês interferem no processo criativo?
Soraia: Eclécticos porque somos quatro pessoas diferentes, que procuram reinventar-se a cada ensaio e que procuram inspiração noutros
artistas, noutras artes, noutros saberes e experiências sem ideias pré-concebidas sobre o que poderá ser "bom" ou "mau".
Garcêz: Somos músicos, temos gosto pela criação e procura de novos caminhos e cores nas músicas que compomos em conjunto. Decidimos situar-nos num ambiente pop mais colorido, usando temas mais obscuros e até depressivos mas sempre na ideia de transmitir esperança e que no mundo o cinzerto pode ser uma cor do arco-iris
Pedro: persistentes mas impacientes... e de bom humor! Tratamo-nos bem!
E já agora, de onde surgem as letras? Qual é a fonte de inspiração?
Pedro: Todos os temas/canções estão relacionados e falam de "amor". Seja amor de amor, amor de amizade, de paixão, etc... tentam passar uma mensagem positiva, já que a resposta para os problemas da humanidade está no relacionamento, melhor, entre os seres humanos.
Como caracterizam a vossa relação com o público? A recepção tem sido positiva?
Pedro: A resposta tem sido bastante positiva. Apesar de termos dado poucos concertos ainda, o feedback tem sido muito bom.
Inês: É inevitável a comparação com os projectos anteriores, em que estivemos envolvidos, mas a reacção tem sido excelente. Os concertos e a relação com o público tem sido um estímulo para darmos um passo em
frente.
Garcêz: Andamos na estrada há pouco tempo, digamos que vamos no nosso quarto concerto com princípio, meio e fim. São concertos importantes porque são em espaços pequenos, intimistas, e dão-te uma liberdade de testar alinhamentos, passagens entre os temas, no fundo permitem fazer um ensaio da banda noutra localidade que não Lisboa. Os concertos têm sido bons e notámos que as pessoas nos procuram pela música que fazemos. Os Lissabon estão a espalhar-se pelo país.
O que falta em Portugal em termos musicais? Mais escolas, mais apoios?
Soraia: Mais escolas, e nas escolas um ensino que estimule os alunos para a criatividade. Mais apoios, certamente, não existem estruturas ou simplesmente são disfuncionais no apoio à criação e divulgação
musical.
Garcêz: Cultura Musical e de consumo de música. As pessoas têm de perceber que a música não pode nem deve ser gratuita. Eu não vou á tua loja de sapatos com a ideia de que me vou calçar à borla. Se assim fosse, tu não conseguirias suportar as despesas mínimas para manteres a loja em funcionamento. Não compravas sapatos na fábrica, a fábrica não teria clientes e não pagaria ordenado dos seus trabalhadores e estes não teriam dinheiro para comprar sapatos para andarem calçados. A indústria da música é igual. É necessário movimentar dinheiro: vende discos, vender bilhetes para concertos, porque um disco tem um custo, a promoção da banda tem um custo, a banda em as suas próprias despesas e acho que esta parte as pessoas ainda não entenderam. Como têm limites à sua própria construção não entendem que ser músico pode ser uma profissão.
Pedro: Falta planeamento cultural. A classe política apresenta-se extremamente inculta e não consegue reconhecer os benefícios e
qualidade de vida que a cultura pode trazer, não falamos só de música...
Inês: Não diria mais apoios, diria que falta equilibrar a balança cultural, diversificar mais as iniciativas de promoção cultural.
O que nos podem revelar acerca de projectos futuros?
Soraia:O futuro é o empenho que depositamos no agora. Tudo o que formos construindo será porque nos faz sentido e porque tem de ser, porque não podíamos não estar a construir qualquer coisa em conjunto.
Garcêz: O futuro é lançar o disco, dar concertos, conseguir alguns festivais, tentar furar internacionalmente, criar uma boa base de público, no fundo ainda há muito a fazer com este disco e o futuro mais próximo limita-se a isso.
Inês: Estamos a trabalhar já no futuro, o álbum está praticamente finalizado e as prestações ao vivo a serem trabalhadas. Tentamos não
pensar muito a longo prazo, lançamos metas que vamos alcançando e daí partimos para outra!
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