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À conversa com...

Andy Rourke 


Silêncio que se vai falar de "baixo"!

Já fiz muitas entrevistas no passado mas, quando temos o privilégio de entrevistar alguém que – como ele diz – fez parte de um gangue que foi igualmente parte da tua vida, da tua adolescência, significa muito para ti. Assim, partilho agora este momento com todos vós, estando certo que do “outro lado do monitor” estará alguém a reviver igualmente alguns dos seus melhores momentos e gostará na certa de ler estas linhas sobre o Andy Rourke, o ex- Smiths, o baixista, o DJ e, acima de tudo o músico.

Por Luis Graça


Como introdução – como sempre faço – gostava de saber o que tens feito nos últimos anos. Uma das tuas maiores ocupações no momento é ser DJ. Tu e os teus anteriores companheiros nos Smiths espalharam em tempos a palavra “Hang the DJ”/enforca o DJ. Afinal como é ?


Em primeiro lugar, não sou um DJ. Sou e sempre serei um músico. Dj’ing é algo que faço por gozo e que começou acidentalmente numa festa em casa de um DJ (músico) amigo  (Clint Boon, Inspiral Carpets). Ele perguntou-me se queria ir para a mesa e passar alguns sons. Eu disse, OK e acabei por gostar bastante! Assim, a partir daí continuei…


És um dos mais conhecidos baixistas de sempre. Como tutorial para os leitores explica-nos basicamente o que é a secção rítmica de uma banda. A maioria das pessoas pensa que pertencer a uma secção rítmica de uma banda significa menos controlo criativo e maior facilidade na tua substituição. É verdade ou é apenas outro “mito urbano”? Já agora, acrescento a minha opinião pessoal: Existem bandas nas quais identificas perfeitamente o baterista ou o baixista. Por exemplo, nos Kings Of Leon, consigo com alguma facilidade saber se o Jared tocou ou não numa faixa. Partilha a tua opinião connosco.


Hmm, eu diria que a secção rítmica é a espinha dorsal de qualquer banda, ela dita o tempo, o pulsar. Se a alteras estás a alterar toda a dinâmica da banda. Claro que são substituíveis, todos somos!! Em relação às bandas novas…bem, terias que perguntar ao Jared. Mas, falando pela minha experiência pessoal, sempre escrevi todas as minhas linhas de baixo e nunca estaria envolvido com uma banda onde isso não fosse possível. Eu e o Johnny conhecemo-nos quando tínhamos 11 anos e começamos a tocar música pouco tempo depois, logo, tínhamos um perfeito conhecimento mútuo das nossas capacidades musicais além de sermos amigos. Tudo funcionou com grande naturalidade entre nós.


Que bandas acompanhas/segues hoje em dia?


Sou terrível a mencionar bandas. Existem tantas por isso não vou por aí senão tenho que enumerar para aí umas 50. Estou ainda bastante ocupado a trabalhar e a conhecer a música que aconteceu ainda antes de eu nascer!


Kevin Cummins deu igualmente o seu contributo à uns tempos. Tenho na minha frente uma publicação da extinta Babylon datada de 1985 e chamada “The Smiths in Quotes” e ilustrada com fotos do Kevin. Não sei se te recordas mas, o livro acaba com citações tuas sobre cinco temas. Escolhi este e, gostaria de saber se a resposta ainda seria a mesma:






Andy Rourke sobre os……THE SMITHS : “Somos a melhor banda do Mundo, não existe alguém melhor”. – Acredito que a tua opinião ainda seja a mesma. Alguém chegou aos vossos calcanhares?


Wow! Com esta estás a virar os holofotes todos para mim!
Sabes uma coisa? Acho que vou manter o meu testemunho inicial, “fuck it”!




Vou terminar com uma dupla questão. Em primeiro lugar, qual foi o teu momento maior com os The Smiths? A música que mais tem de ti como músico e compositor? A outra questão é mais pessoal…partilha connosco algo que poucos saibam sobre ti e os The Smiths, algo que tenha passado ao lado da opinião pública.




Outra pergunta complicada. Orgulho-me de todo o meu trabalho nos Smiths. Músicas mais importantes? ……"The Queen Is Dead" , depois "Barbarism Begins At Home", "Bigmouth Strikes Again", "Sweet and tender hooligan" e a lista continua por aí fora. Tem para mim mais importância o todo, ou seja, o que quatro jovens fizeram juntos nesse período (Os Smiths acabaram quando eu tinha 23 anos). Tínhamos muitas coisas para tratar, e pessoas a tentar arruinar-nos mas nós conseguimos mostrar solidariedade, nós éramos um gangue!

A última questão? Bem!!! Penso que todos os meus esqueletos estão/saíram fora do
armário. Eu vivi a minha vida privada em público durante esses breves mas maravihosos anos. 

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