São o único super-grupo da música portuguesa que ousou, há 25 anos atrás, apostar nas raízes da música tradicional portuguesa, quando o signo da modernidade ditava as regras. Apesar de muitas rupturas e de uma sucessão de membros integrantes, o sonho não morreu e o projecto Madredeus continuou activo até 2009. Segue a estória do grupo português, com uma das mais sólidas carreiras internacionais de sempre.
Por Susana Terra
Estávamos em 1985 quando Pedro Ayres Magalhães (Heróis do Mar) e Rodrigo Leão (Sétima legião) iniciaram uma série de ensaios conjuntos. A química entre ambos era notória, bem como o desejo de criar temas acústicos que incorporassem não só a música tradicional portuguesa, como ainda a música de pendor mais erudito, a música popular ou o “espírito musical” do fado. Resultado: world music de alma lusa. A Ayres (guitarra clássica) e Leão (teclados) juntam-se Francisco Ribeiro (violoncelo), Gabriel Gomes (acordeão) e Teresa Salgueiro (voz).
O primeiro álbum surge em 1987, quando o grupo ainda sem nome gravou um LP duplo que baptizou de “Os Dias de Madredeus”. O carácter inovador de temas como “A Vaca de Fogo”, “A Sombra”, “A Estrada do Monte” ou “As Montanhas” catapultou os agora Madredeus para o sucesso e popularidade. Começa então a ser trilhada a carreira dos Madredeus com vários espectáculos ao vivo em Portugal e apresentações em países como a Itália e a Coreia do Norte.
O álbum “Existir” chega-nos em 1990 e constitui um somatório do sucesso de vendas do grupo, atingindo a platina à velocidade da luz. “Existir” traz-nos o single “O Pastor” e catapultou definitivamente os Madredeus para as rotas internacionais: da exposição Europália na Bélgica à digressão por Portugal (resultante no disco ao vivo “Lisboa”), pela Europa e mesmo extremo-oriente. Os Madredeus são os porta-estandartes da língua e cultura nacional.
“Espírito da Paz” é lançado em 1994 e vem consolidar a carreira dos Madredeus O disco foi gravado em Inglaterra, ao mesmo tempo que o grupo trabalhou na banda-sonora do filme “Lisbon Story” de Wim Wenders, encomendado para a efeméride Lisboa 94 – Capital Europeia da Cultura. Entretanto Rodrigo Leão deixa os Madredeus sendo substituído por Carlos Maria Trindade e anteriormente, já Pedro Ayres havia convidado Luís Peixoto para ser o guitarrista ao vivo. Dá-se nova digressão internacional, desta vez pelo Brasil e Estados Unidos da América.
O ano de 1997 é marcado por novas saídas – Gabriel Gomes e Francisco Ribeiro. Entra Fernando Júdice (baixo acústico) e é gravado o álbum “Paraíso” em Itália, sendo este o primeiro disco dos Madredeus a ter comercialização internacional e, nos anos seguintes, abraçam as tendências electrónicas ao remisturar temas.
Em 2007 ocorre o ano sabático para o grupo, com os seus membros imersos em projectos a solo e dá-se também a ruptura final – Teresa Salgueiro abandona os Madredeus. A perda da emblemática voz, tão característica do grupo , foi um rude golpe para os membros que restaram. Ayres e Trindade encontraram novo rumo: a criação da ensemble , “A Banda Cósmica” , que perpetuou as sonoridades dos Madredeus até 2009.
Embora algo esquecidos, os Madredeus são um dos mais sonantes nomes da música portuguesa. Quando poucos sonhariam, os Madredeus ousaram e apostaram numa sonoridade muito própria, inovadora e ao mesmo tempo tradicional. A relembrar…
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