Tantra na Guarda, em 1980
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Por Aristides Duarte
Os Tantra formaram-se em 1976, a partir de um duo constituído pelo guitarrista Manuel Cardoso e o teclista Armando Gama.
A estes juntaram-se, mais tarde António José de Almeida (bateria) e Américo Luís (baixo).
Praticavam um estilo de Rock progressivo muito próximos dos Genesis ou Yes e tiveram grande sucesso em Portugal, no final da década de 1970.
Foram o primeiro grupo de Rock português a esgotar o Coliseu dos Recreios, em Lisboa, num espectáculo a solo.
Gravaram um single (“Alquimia da Luz”) e o LP “Mistérios e Maravilhas”, hoje um clássico de todo o Rock progressivo mundial.
Armando Gama saiu do grupo para uma carreira mais comercial (venceria o Festival RTP da Canção) e entrou Pedro Mestre para o seu lugar. Mestre esteve pouco tempo no grupo, já que foi substituído por Pedro Luís Neves.
O grupo edita novo LP, em 1978, intitulado “Holocausto”, na mesma linha do anterior.
Sempre cantaram em português e, nos concertos utilizavam alguns cenários teatrais, nomeadamente a máscara de um velho.
Em, 1980 há uma reviravolta: Manuel Cardoso afirma chamar-se Frodo e aparece com uma máscara de um ser extraterrestre, com a cabeça bicuda.
O grupo anuncia na rádio uma “tour” nacional de promoção ao próximo LP.
Quando ouvi que o grupo também incluía a Guarda na sua “tour” pensei: “É desta que eu vou ver os Tantra!”. Efectivamente, nunca tínhamos visto a banda na década de 1970, apesar de eles tocarem muito ao vivo, em Bailes de Finalistas.
No “spot” radiofónico de promoção da “tour” dos Tantra dava para perceber que a música tinha mudado. Agora cantavam em inglês e a sua música era mais New Wave. Até na música que as colunas do PA produziam, antes do início do concerto se notavam diferenças. Desta vez, o Rock sinfónico dava lugar aos temas dos Specials, como o famoso “A Message To You, Rudy”.
O concerto da Guarda aconteceu no dia 30 de Maio de 1980, no Cine-Teatro.
À boleia, com uns amigos, lá fomos à Guarda ver os Tantra. O público enchia, razoavelmente, o “velhinho” Cine-Teatro.
O cenário estava montado: a bateria – monstro de Tozé Almeida, o jogo de luzes fora do vulgar e o teatro. Sim, o teatro foi uma constante durante todo o concerto.
Frodo usava quase sempre a máscara de extraterrestre, enquanto cantava. Os temas sucediam-se e Frodo dançou com uma boneca, apareceu mascarado de monstro, surgiu mascarado de crocodilo, etc., etc. Nunca o “Theatre “-Rock” teve um tão grande representante português, como os Tantra, neste período.
Para além dos temas em inglês, que fariam parte do próximo disco (“Magic”, “Crazy Rock’n’Roll”, “Girl In My Head”, etc.), os Tantra também tocaram temas dos álbuns antigos, tais como “À Beira do Fim”, “OM”, “Zephyrus” ou “Partir Sempre”.
No tema “À Beira do Fim”, Frodo usou a máscara de um velho, enquanto cantava.
Américo Luís tocava numa guitarra de dois braços, sendo também solista, enquanto Frodo dançava com a boneca ou cantava e dançava em vários temas.
Américo Luís abandonaria a banda a seguir a esta “tour” e já não participou na gravação do LP “Humanoid Flesh”, o tal cantado em inglês. Quem tocou baixo neste disco foi Dedos Tubarão (Pedro Ayres Magalhães).
O concerto dos Tantra, na Guarda, foi fantástico. Inesquecível, mesmo. No entanto, o disco foi um fracasso comercial e a banda terminou, em 1981.
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