Rock em Portugal Nº 5-Julho de 1978
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Revista "Rock em Portugal"
A revista "Rock em Portugal" (REP) foi a única revista que se dedicou ao fenómeno do Rock português, antes do "boom" acontecido nos anos 80 de século XX.
Por Aristides Duarte
Começou a sua edição em Janeiro de 1978, ao preço de 15$00 e com uma tiragem de 10.000 exemplares.
O seu director era António José, antigo músico do grupo FBI e, na época, proprietário de uma agência de espectáculos de bandas Rock. O chefe de redacção era o jornalista António Duarte que seria o autor do livro "A Arte Eléctrica De Ser Português- 25 Anos De Rock'N'Portugal", editado no início dos anos 80 e hoje completamente esgotado. António Duarte seria mais tarde o mentor do projecto musical D.W.Arte que se apresentou por várias vezes ao vivo no Rock Rendez Vous, onde fazia furor pelas suas "performances" que misturavam encenações com música electrónica.
A revista apresentava um formato A5, com um papel de fraca qualidade.
Algumas das secções da revista eram: "Feedback", onde se contavam pequenas histórias de bandas portuguesas, "Notícias do Pequeno Mundo", que, como o nome indica, se dedicava a explicar aos leitores as novidades relacionadas com as bandas. Além destas secções habituais havia, ainda, entrevistas com as bandas mais "up- to- date". As entrevistas incidiam em nomes como Os Plutónicos, Arte & Ofício, Tantra, Os Faíscas, Aqui D'El Rock, Ananga -Ranga, Hosanna, Perspectiva, José Cid, Pesquisa, António Victorino de Almeida, etc.
"Frescas & Boas" era outras das secções da revista que informava os leitores sobre as últimas notícias relacionadas com o fenómeno do Rock português. A secção "Ao Vivo" dava conta dos concertos das bandas um pouco por todo o país. É curioso que, nesta época, as grandes bandas portuguesas tocavam em variadas localidades, sobretudo em Festas e Bailes de Finalistas de Liceus.
A revista contou com vários colaboradores ao longo da sua existência, tais como António Sérgio, Hermínio Clemente (repórter fotográfico), João Filipe Barbosa, Miguel C. Monteiro (de quem era publicada uma banda desenhada sobre um "Rocker" intitulada "Quico"), Picâpe Roque (o homem da secção "Discocrítica", onde eram analisados à lupa os lançamentos discográficos mais recentes). Para além da participação destes havia, também, a colaboração de diversos leitores da revista que enviavam as suas crónicas sobre concertos a que tinham assistido. O autor destas linhas viu publicado no número 11 da revista a sua crónica sobre o concerto dos Hosanna no Sabugal.
Devido à falta de apoios de qualquer espécie (apenas alguma publicidade a discos ou a instrumentos musicais a mantinha de pé) a revista não foi saindo com a periodicidade mensal inicialmente prevista e começou a atrasar a sua publicação (por vezes o número que saía referia-se a um período de três meses). No entanto a tiragem inicial de 10.000 exemplares manteve-se até ao seu final.
"Os Mais 77" e "Os Mais 78" eram uma espécie de "prémio" atribuído pela REP aos discos mais representativos da corrente Rock portuguesa. Grupos como os Arte & Ofício, Tantra, Perspectiva, Psico e Beatnicks foram contemplados com o "prémio".
Na secção "Os Poetas Rock" eram publicados poemas de bandas portuguesas e até alguns poemas enviados por leitores que mantivessem uma linha coerente com o fenómeno Rock.
Havia, até, uma secção chamada "Um Pouco de História..." onde eram publicadas biografias de bandas já extintas, mas que tinham sido fundamentais para a divulgação do Rock em Portugal."Pizzicato" era a secção dedicada ao correio dos leitores que merecia resposta por parte dos responsáveis da revista.
Na parte final da sua existência a revista começou a ter uma secção intitulada "Pé Na Tábua" que se dedicava ao automobilismo. Segundo foi explicado pelos responsáveis da revista havia muitos leitores que se interessavam por este assunto. O responsável por esta secção extra-musical era Paulo da Cruz Sabino.
A REP chegou a organizar Festivais com a participação de diversas bandas, um pouco à semelhança do que fez a revista "Música &Som".
Na parte final da sua existência a REP começou a ter menos páginas e menos secções e devido à crise que a assolou terminou a sua publicação em Maio de 1979, no número 11.
Passado um ano surgiria em Portugal o "boom" do Rock português através de nomes como Rui Veloso, UHF e GNR. A revista REP foi uma antecipação a esse fenómeno. Quando muitos portugueses descobriram que se fazia Rock em Portugal, devido à "mediatização" do fenómeno, já a REP tinha feito muito pela divulgação do mesmo.
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