20 anos
Em ano de comemoração dos 20 anos
sobre a edição de “Ten”, revisitamos o passado da banda de Seattle, viajando
até ao início da década de 90. Estávamos na época do “grunge”, das letras
repletas de angústia e de sarcasmo, e do look desleixado que se tornou moda em
muitos liceus. As camisas de flanela e os cabelos compridos marcavam uma
geração, a minha geração. Acompanharam-nos durante a adolescência, e volvidos
vinte anos continuam a “dar-nos música”, mais calmos, mais maduros, mas com o
rock como pano de fundo.
Por Carmen Gonçalves
Formaram-se em 1990 e um ano mais
tarde, a 27 de Agosto de 1991, lançaram “Ten”, o primeiro registo da banda.
Para muitos é um dos melhores álbuns de sempre, e sem dúvida é um dos melhores
exemplos de música “grunge”. “Even Flow”, “Jeremy” e “Alive” foram os singles
retirados do disco, porém, mais tarde, “Black” alcançou um estrondoso sucesso,
tornando-se numa música de culto para muitos fãs.
Poucos dias antes do álbum chegar
às lojas, os Pearl Jam, actuaram pela primeira vez em espaço exterior, no “Mural
Ampitheater” em Seattle. Neste concerto percorreram os temas que compunham
“Ten”, demonstrando a energia e a vitalidade que iriam caracterizar as actuações
ao vivo da banda.
Após este sucesso e as digressões
que se seguiram, em 1993 voltaram ao estúdio para gravar “Vs.”. Os inúmeros fãs
que haviam conquistado receberam muito bem o álbum, tendo batido o recorde de
cópias vendidas numa semana. Foi a consagração do grupo e este segundo registo
reforçou a ideia de que a banda de Seattle se iria tornar numa banda de culto.
Temas como “Go”, “Animals”, “Dissident” e “Daughter” juntaram-se aos
anteriores, para se tornarem hinos nas actuações ao vivo, fazendo as delícias
do público.
Entre as digressões de
apresentação de “Vs.” gravaram o que viria a ser o terceiro registo de
originais “Vitalogy”, que chegou ao mercado no final de 1994. Este foi rotulado
como o álbum mais original dos Pearl Jam, e neste constam temas como “Spin the
Black Circle” e “Better Man”, que se tornou um sucesso, tendo permanecido oito semanas seguidas na primeira posição.
Após o término das gravações, o
baterista Dave Abbruzzese foi substituído por Jack Irons, ex-baterista dos Red
Hot Cili Peppers, que foi apresentado oficialmente na tournée que se seguiu.
Em 1996 seguiu-se o quarto álbum
da banda, que chegou ao mercado exactamente 5 anos após a edição do primeiro
disco. “No Code” foi visto como uma deliberada mudança no som da banda,
favorecendo um rock mais intenso, intercalado com músicas mais calmas. É talvez
o álbum dos Pearl Jam que mostra uma maior gama de estados de espírito. De “No Code” saíram os singles “Who You
Are”, “Hail, Hail" e “Off He Goes”. O álbum seguinte foi
lançado em 1998. “Yeld” foi como um regresso ao som roqueiro de outrora, contudo
as letras deram continuidade ao estilo mais contemplativo do registo anterior.
Os singles de apresentação recaíram nos temas “Given to Fly” e “Wishlist”.
Neste mesmo ano os Pearl Jam trocaram novamente de baterista, tendo a escolha
recaído sobre Matt Cameron, ex-baterista dos Soundgarden.
O sexto registo de originais,
“Binaural”, foi editado em 2000, e foi o primeiro registo da banda a não alcançar
um disco de platina. Ainda que as vendas não tenham atingido o expectável,
deste álbum foram extraídos dois singles de sucesso “Nothing as It Seems” e
“Light Years”. Em 2002 chegou às lojas um novo álbum, “Rioct Act”, tendo uma
sonoridade mais folk e experimental.
O trabalho dos Pearl Jam para o
sucessor de “Riot Act” deu início após a digressão Vote for Change, de 2004. Mas
só a 2 de Maio de 2006 é que o homónimo “Pearl Jam” chegou às lojas. A crítica
musical referiu que era um retorno à sonoridade inicial da banda, tendo as
causas político-sociais lugar de destaque no tema “World Wide Suicide”, uma
crítica à guerra no Iraque. Deste álbum foram ainda retirados os temas “Life
Wasted” e “Gone”.
Em Setembro de 2009 foi editado o
último registo de originais da banda gravado em estúdio. “Backspacer” apresenta
uma sonoridade influenciada pela pop e pela New Wave, tendo em “The Fixer” o
single de apresentação, cujo vídeo ficou a cargo de Cameron Crowe.
Para além dos álbuns de estúdio,
os Pearl Jam contam com centenas de álbuns editados alusivos às diferentes
tournées. O conceito surgiu em 1998, com a edição de “Live on Two Legs”, um
disco gravado para cada concerto da digressão. Os fãs agradeceram, e o sucesso
foi tal que os registos dos concertos foram gravados e lançados em CD durante
várias tournées. Juntam-se ainda a estes registos diversas compilações
editadas, como é o caso de “Lost Dogs”, um registo de raridades e lados-b.
A 20 de Setembro estreou nas salas
de cinema nacionais o retrato definitivo dos Pearl Jam. Realizado por Cameron
Crowe, “Pearl Jam Twenty” foi baseado em muitas horas de gravações raras, em
entrevistas com a banda e em diversas imagens em palco, mostrando um lado mais
real da carreira dos Pearl Jam.
O vídeo será lançado juntamente
com uma banda-sonora que inclui 2 CD’s de raridades e músicas não editadas.
Será ainda lançado em livro, retratando a história das duas décadas da banda, e
conta com um prefácio de Cameron Crowe.
O próximo registo de originais,
ainda sem nome, tem edição prevista para o início do próximo ano, confirmando
que os Pearl Jam prometem longos anos de carreira. Há 20 anos atrás
mostraram-nos o que é o rock, foram-nos acompanhando e crescendo connosco. A
nós, fãs confessos, resta-nos agradecer o facto de fazerem parte da
banda-sonora das nossas vidas.
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