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Girls no Lux (Lisboa) – 29/11/2011
Por Bruno Vieira
Mais do que uma típica reportagem de concerto, este texto é antes o relato de uma experiência, abordagem escolhida sempre que os meus conhecimentos de determinado músico ou banda são escassos. O facto de ter poucas referências (embora positivas) de Girls, banda de indie-rock de São Francisco, só aguçou ainda mais o apetite mal soube que iriam estar no Lux, em Lisboa.
Sem grande atraso e com a sala bem composta, os Girls liderados por Christopher Owens, cujo look faz lembrar Kurt Cobain, iniciaram o concerto com “My Ma” tema do seu mais recente longa-duração “Father, Soon, Holy Ghost”, o segundo de originais da banda, lançado este ano. Curiosidade ou nem tanto, foi o facto dos microfones estarem ornamentados com flores. Relembramos que os Girls vêm de São Francisco, cidade que esteve no centro do movimento de contracultura “Flower Power” contra a Guerra do Vietname. E é recuando até esse tempo que vamos encontrar as principais influências da banda, desde o surf-rock dos Beach Boys presente em temas como “Laura”, “Honey Bunny” ou “Lust For Life” até o hard-rock de Deep Purple em “Die” e ao psicadelismo de “Morning Light”, que de certa forma terão surpreendido alguns dos presentes, sobretudo os menos conhecedores do repertório da banda, eu incluído.
Por outro lado, “Love Like a River” e “Alex” mostram que os Girls não ficaram alheios aos clássicos americanos, já quanto a “Vomit” a primeira coisa que me vem a cabeça é a sonoridade Radiohead. Daí que a música dos californianos de modo geral possa agradar ao público roqueiro, tanto a gregos como a troianos. Quase nenhuma década passada do rock, à excepção talvez da de 80, parece ter ficado no esquecimento. Se quisermos situar a música de Girls no contexto actual, não é difícil encontramos afinidades com bandas como Beach House, Wavves, The Drums ou Best Coast.
Voltando aos discos, de relembrar que o álbum de estreia da banda, lançado em 2009, foi tão simplesmente baptizado de “Album”, seguido do EP “Broken Dreams Club” o ano passado. O já referido segundo longa-duração “Father, Soon, Holy Ghost” viu a luz do dia em Setembro passado, confirmando os californianos como um nome a ter em conta no panorama do rock alternativo actual e não só. Se o primeiro tinha obtido já críticas bastante favoráveis, o segundo não foi mais do que a confirmação de que os Girls estão bem e recomendam-se. Apenas como exemplo “Father, Soon, Holy Ghost” surge entre os 50 melhores álbuns de 2011 para títulos como o NME e Q Magazine.
Sem grandes palavras entre músicas, mas com uma actuação bastante segura, Christopher Owens e companhia convenceram, deixando boa imagem ao público que acorreu ao Lux para os ver. Claro destaque para os temas do mais recente trabalho, como seria de esperar, o resto repartido quase de igual forma entre o disco de estreia e o EP. Será certamente uma experiência a repetir, desta feita com outro background. Quando tão grande é a diferença entre o que se sabia e o que se ficou a saber, o saldo só pode ser positivo. Os Girls ganharam mais um seguidor…
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