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Radar 20 Anos: " A música que marcou uma geração, 20 anos depois... "
Por Bruno Vieira
Radar 20 Anos, como o próprio nome indica, foi um programa dedicado à música alternativa de há 20 anos atrás, tendo feito parte da programação desta estação de rádio que emite em 97.8 FM. Ia para o ar de Segunda a Sexta-feira das 20:00h às 23:00h e durante algum tempo foi a companhia perfeita para o serão ideal. De facto, este programa foi um dos raros exemplos no que respeita à divulgação da sonoridade vintage alternativa (nomeadamente pós-punk e new wave) e fonte de inspiração para muitas bandas que emergiram ao longo da última década. Não se tratava de um programa exclusivamente dedicado à música dos anos 80 e tanto podíamos escutar uns T-Rex ou The Who dos anos 70, como uns Nirvana ou Radiohead de início de 90s. Mas a fatia maior do bolo cabia aos anos 80, muito bem representados através de nomes como The Smiths, Echo and the Bunnymen, U2, The Cure, The Jesus and Mary Chain ou Depeche Mode, mas também os neo-românticos Duran Duran, Spandau Ballet, Classix Nouveaux, Yazoo, The Human League ou OMD. A selecção nacional também não foi esquecida, podendo ouvir-se os nossos Sétima Legião, Heróis do Mar ou GNR.
Como em todas as décadas, os anos 80 tiveram de tudo um pouco no que respeita à música: o bom, o menos bom e o descartável. Ao longo da década de 90, a saturação e algum descrédito acabaram por arrumar quase definitivamente a sonoridade eighties na gaveta. O bom, o menos bom e o descartável estavam metidos no mesmo saco e toda a música associada àquela década era kitsch e datada. Mas com os anos 90 para trás, o início do novo milénio trouxe um interesse crescente por tudo o que era eighties, sobretudo a música. O menos bom e o descartável, alimentam agora as play-lists das rádios de grande audiência bem como algumas locais, e o bom (rotulado de alternativo), só muito excepcionalmente se faz ouvir. Daí que Radar 20 Anos tenha tido o mérito de dar a conhecer à geração mais recente, a sonoridade que inspirou bandas como The White Stripes, The Strokes, The Libertines, Franz Ferdinand, Interpol ou Bloc Party, da mesma forma que fez com que essa mesma geração se interessasse por Joy Division ou The Sex Pistols. Mas o inverso também se verifica, sendo muito provável que os trintões e quarentões de hoje, que não ficaram parados no tempo, se revejam também no som de Arcade Fire, Kaiser Chiefs ou Editors. Em certa medida devemos estar gratos a toda esta nova vaga de músicos e bandas que foram surgindo na primeira década de 2000, a recuperação do velhinho som pós-punk e new wave. E já agora, para quando a recuperação do Radar 20 Anos?
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