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À conversa com...

Kevin Kummins





Capturou muitos dos melhores momentos da música pop contemporânea. Falamos sobre , ícones, futebol, de Morrissey a Bowie, passando pela arte, pelas drogas e, acima de tudo sobre trabalho.Kevin Cummins aceitou o desafio e partilhou memórias. Confira. 


Por Luis Graça 






Escolhi esta imagam (capa do 40º aniversário do NME) com o Morrissey,  visto ser ele uma das figuras mais influentes da música pop do nosso tempo – minha opinião. Se tivesses que escolher ou elaborar um top 5 das pessoas contemporâneas que consideras melhor se “encaixarem” na tua objectiva quem seriam eles?

Morrissey, Bowie, Courtney Love, Liam Gallagher, Ian Curtis.

Qual foi o artista que mais gostaste de fotografar e já agora o pior?

As melhores pessoas para fotografar são aquelas que conheçem bem a sua imagem e como ficam nas fotos. Dito isto, é um desafio tirar uma foto a quem é francamente tímido. As piores pessoas para fotografar são aquelas que já o foram centenas de vezes. Apenas te dão a sua “imagem fotográfica”. Não te deixam penetrar no seu Mundo.

Com esta conversa pretendo igualmente que os leitores compreendam exactamente o que é a função de chefe de fotografia numa publicação de renome Mundial como o New Musical Express na qual ocupaste esse posto. Como é o dia a dia nessas funções?

“Erva como pequeno almoço, Jack Daniels e coca para o lanche e cocaína ao jantar….!

Acredito que cada capa de um disco tem uma história. Podes escolher dois dos teus trabalhos favoritos e explicar-nos o que esteve na base de cada um desses momentos particulares no tempo?

Esta fotografia é de uma paisagem urbana. A banda é acidental – apesar de crucial – para a composição final. Estou interessado na forma como a fotografia te pode contar uma história. Esta frieza, um tanto ou quanto depressiva, melancólica, explica a essência da música dos Joy Division muito melhor do que 1000 palavras. 


MORRISSEY: Outra paisagem urbana mas com um objectivo mais preciso. Reflete a qualidade que na altura eu sentia que as letras de Morrissey tinham.


Será este nosso Mundo actual digno de se lhe tirar uma foto? Esta claro, é uma pergunta social. Estás por favor à vontade no sentido de responderes da forma que queiras. Problemas sociais, crise global, política, etc ( e tanto aí no Reino Unido como aqui em Portugal actualmente temos tantos casos políticos para discutir…).

É cada vez mais difícil tirar fotos no Reino Unido. Temos câmaras de vigilância por todo o lado. Temos uma força policial demasiado agressiva. Por outro lado, a população Mundial pensa estar tão ciente do fenómeno media que assume por exemplo que um fotógrafo ganha milhões de euros pelos seus trabalhos . Assim sendo, raramente nos deixam tirar-lhes uma foto – pedindo-nos compensação financeira para tal. Frequentemente nas minhas deslocações tiro fotos para capturar momentos com pessoas desconhecidas e é cada vez mais difícil tirar-lhes fotografias naturais.
Que se passa convosco ? Deixem-me tirar-vos uma FOTO!!

Manchester é provavelmente uma das cidades no mundo onde existem mais bandas de qualidade por metro quadrado.
Quais são as maiores diferenças entre as bandas dos anos 80 e as actuais?

A Manchester dos anos 80 tinha muitos bairros da Câmara e tinha igualmente dormitórios destinadas a estudantes. As rendas baixas e as rendas subsidiadas permitiam à malta nova passar o seu tempo livre a fumar “erva” e a tocar música. Alguns derivaram para outras formas de expressão artística onde não era necessário ganhar muito dinheiro para sobreviver. Hoje em dia, tudo isso desapareceu. Se és jovem e queres ser músico, precisas do teu dinheiro no início. O som da classe operária no Reino Unido é hoje muito pouco audível.

Dou-te um nome oriundo de Manchester e tu fazes o teu comentário:
a) Ian Brown: One Love
b) Morrissey: I Wanna be Adored
c) Oasis: Good Times
d) Ian Curtis: Where Angels Play
e) Kevin Cummins: Don’t Stop
f) Vini Reilly: Your Star Will Shine

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