The Vaccines - Brixton Academy, Londres (8 de Dezembro de 2011)
Qualquer apreciador de música que se preze deve, pelo menos uma vez na vida, ir a Londres. Esta recomendação faz tanto sentido na medida em que a capital britânica, como nenhuma outra cidade, é um autêntico viveiro no que à música indie diz respeito. Quem lá for pela primeira vez não será difícil deixar-se conquistar, na certeza porém que quererá voltar. Não sendo a minha estreia, seguramente não terá sido a última visita, assim o espero. Londres é irresistível e eu cada vez gosto mais dela.
Por Bruno Vieira
O concerto dos The Vaccines só foi decidido enquanto folheava um jornal que encontrei perdido no “tube” e que anunciava as datas de 7 e 8 de Dezembro. Em matéria de concertos não há cidade como Londres. Desde a mais pequena sala ao grande estádio, tão vasta e diversificada é a oferta que a escolha se torna difícil. Com a primeira data já esgotada, fiquei-me pela segunda que penso ter igualmente esgostado a avaliar pela presença de público no recinto. Bem maior do que eu tinha imaginado, a Brixton Academy é um espaço com lotação para quase 5.000 pessoas.
A falta de comparência ao concerto da banda liderada por Justin Young na última edição do festival SBSR ainda me estava atravessada (encontrar lugar próximo do palco para não perder The Strokes, foi o motivo) e poder ver um dos nomes mais acarinhados da cena indie actual, na sua própria cidade, era uma oportunidade imperdível. Nem o preço do bilhete podia considerar-se exagerado, 17,50 libras (cerca de 20 €).
Qualquer concerto cuja banda tenha apenas editado um álbum, não durará muito mais do que uma hora, justificando os habituais “músicos convidados”, daí que os The Vaccines se fizessem acompanhar de outros dois nomes a ter em conta, Summer Camp e Surfer Blood. Antes destes e para criar ambiente ouvia-se, entre outras músicas, “Teenage Kicks” de The Undertones, hino indie de outros tempos que animou e muito o público presente , maioritariamente jovem. Até parecia que não tinham passado trinta anos, dada a semelhança de sonoridades.
De promessa da recta final de 2010 com “Wreckin`Bar (Ra Ra Ra)”, os The Vaccines passaram a certeza volvido um ano. De facto 2011 não podia ter corrido melhor para a banda do oeste de Londres. Em poucos nomes se podem gabar de lançar álbuns tipo “best of”. De facto “What Did You Expect from the Vaccines?” foi um tiro certeiro, para não dizer vários mesmo, daquelas estreias que não acontecem sempre, nem por acaso. E foi sem perder tempo que Justin Young e companhia subiram ao palco com um V desenhado no chão, para servirem pérolas como “Blow It Up”, a já referida “Wreckin` Bar (Ra Ra Ra)”, “A Lack Of Understanding”, “Wetsuit”, “Post Break-Up Sex”, “All In White”, “If You Wanna”, terminando em beleza com “Norgaard”, entre outras. Pelo meio foram apresentadas algumas músicas novas como “Tiger Blood”, “No Hope” e “Awkward”, todas elas bem recebidas e bons indicadores para o próximo álbum. Os The Vaccines souberam construir uma fórmula de sucesso, cujos temas vão ao encontro dos jovens de hoje em dia, falando a sua linguagem. A mensagem directa aliada à música enérgica, descomprometida e rebelde tem conquistado também algum público vintage que gosta de estar a par dos novos nomes da cena indie, sobretudo saudosistas do post-punk e new wave. Em palco os The Vaccines transmitem uma confiança pouco habitual para uma banda que só muito recentemente ascedeu ao estrelado (formaram-se no início de 2010).
Em termos musicais, a sonoridade dos The Vaccines tem sido comparada a Ramones ou The Buzzcocks, claras influências punk e new wave de finais de 70. Mais recentemente podemos considerar os The Strokes como uma das principais referências da sua música, ou não tivesse a banda de Casablancas definido a tendência revivalista post-punk que marcou (e continua a marcar) os anos 2000, contexto no qual os The Vaccines se enquadram. Daí que faça todo o sentido Albert Hammond Jr. (guitarrista dos The Strokes) ser o produtor do seu próximo álbum, mais-valia que certamente irão aproveitar pelos motivos já referidos. Espera-se por isso um regresso em plena força, com um digno sucessor à altura do álbum de estreia. Como se costuma dizer em equipa vencedora não se mexe e apesar dos The Vaccines poderem evoluir a sua sonoridade futuramente, penso que poucos o queiram para já. Repetir a fórmula não tem necessariamente de ser sinónimo de falta de originaliddae, desde que se saiba como e com quem fazer, neste aspecto a banda londrina parece estar bem servida. Resta-nos agora esperar pelo seu novo trabalho.
Excelente artigo que aguçou ainda mais a minha curiosidade em relação a Londres! Keep doin' your good work... :)
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