Personalidades da música indie: Tony Wilson
Por Bruno Vieira
No mundo da música, seja de que género for, a condição de músico ou produtor é sem dúvida importante para ser-se famoso, ou pelo menos, relativamente conhecido. No entanto existem personalidades que, sem o serem, adquirem quase igual estatuto, tornando-se igualmente figuras importantes e determinantes, influenciando decisivamente a história da música.
Um destes exemplos foi o jornalista Tony Wilson (fundador da Factory Records e mentor do fenómeno Madchester) e um dos primeiros a ter consciência da existência da música indie que, como já foi referido na crónica anterior, é a abreviatura de independente por oposição às grandes editoras que dominavam o mercado discográfico em meados da década de 70. Vamos então falar um pouco sobre a sua vida…
Natural de Salford, Lancashire, o jornalista e apresentador de TV formado em Cambridge com uma especialização em língua inglesa começou por estagiar na ITN. Fez carreira na Granada Television e passou também pela BBC. Tony Wilson foi um dos principais responsáveis pela revolução no mercado musical britânico em meados da década de 70, ao dar aos novos nomes da música a oportunidade de serem alguém, num mercado onde só parecia haver lugar para os músicos estabelecidos. O facto de ter assistido em 1976 ao primeiro concerto dos Sex Pistols fê-lo perceber que algo estava a nascer, faltava só preparar o terreno para fazer acontecer. A música alternativa/independente dava os primeiros passos.
A Factory Records tornou-se então numa espécie de albergue para nomes como Joy Division, New Order, Happy Mondays, Clash, Buzzcocks, entre outros. A abertura de dois espaços: um clube nocturno para actuação das bandas da sua editora e mais tarde a discoteca Hacienda, que se tornaria no centro da noite de Manchester, deram um impulso à vida nocturna desta cidade, muito marcada pela recessão económica e social da época. Do ambiente urbano-depressivo até ao fenómeno Madchester foi um ápice. Em final dos anos 80 os dias eram já mais alegres e as noites de festa... nascia a cultura Rave.
A história deste período seria mais tarde recontada através de 24 Hour Party People, filme/documentário autobiográfico, realizado em 2002 por Michael Winterbottom e interpretado por Steve Coogan (no papel de Tony Wlson), que nos dá a conhecer o ambiente em torno de Manchester, desde meados de 70 a inícios de 90, fazendo-se acompanhar de uma excelente banda sonora, que inclui nomes como Joy Division, Sex Pistols, Happy Mondays, The Clash, Durutti Column, New Order, entre outros…
Para terminar lembro apenas que Tony Wilson faleceu em Agosto de 2007, aos 57 anos em Manchester, vítima de ataque cardíaco, embora lutasse contra um cancro desde o início de 2006.
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