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Trainspotting na Máquina do Tempo



Um dos filmes que definiu uma geração e que é unanimemente considerado uma das melhores obras da década de 90. Falamos de Trainspotting, adaptação de Danny Boyle do livro com o mesmo nome . A pelicula, também conhecida pela grande banda sonora e pelo inconfundível hino "Lust for life" , na voz de Iggy Pop, surpreendeu tudo e todos aquando o seu lançamento em 1996. Hoje,  na Máquina do Tempo.

Por Miguel Ribeiro


Adaptado por John Hodge e rodado em sete semanas com um orçamente de apenas 2.5 milhões de dólares, estreou-se em Cannes. Trainspotting ganhou imensa popularidade junto do público e da crítica, tornando-se até à altura, no quarto filme britânico que mais dinheiro fez no Box-Office, conseguindo ainda uma nomeação para óscar de Melhor Guião Adaptado.

Surpreendentemente, o feedback a nível internacional foi raras vezes negativo e apesar de ter lançado alguma controvérsia, ajudou a que em certos países, se discutisse mais sobre o tema da tóxicodepedência e de uma geração de jovens vazios e sem esperanças que encontravam na heroína a única forma de se esquecer dos problemas da vida.

É exactamente isso que vemos acontecer nesta obra. Sem querer revelar muito sobre o filme para quem ainda não viu, Trainspotting conta a estória de quatro vicíados em heroína , interpretados por Ewan McGregor (Mark Renton), Ewen Bremner (Spud), Johnny Lee Miller (Sick Boy), Kevin McKidd (Tommy) e com Robert Carlyle, protagonizando o infame Begbie, um entusiasta da violência, que como personagem em si, deixa sempre marca quando aparece em cena.

O filme está muito bem delineado no que toca à montagem e facilmente se percebe o arco narrativo proposto pelos criadores. Rapidamente nos apercebemos qual é a ferida que o filme quer tocar, e através da narração voz-off de Renton e da apresentação visceral (grande trabalho a nível cénico e de fotografia) que o filme tem, conseguimos entrar dentro da realidade que estes cinco jovens viviam e apesar de carregado de humor-negro e de algumas cenas que parecem existir simplesmente para chocar ou fazer rir, não se livra de nos mostrar as consequências funestas da vida em que se encontram.

Imensas cenas deste filme tornaram-se ícónicas e populares (como a sequência em que Renton vai à casa-de-banho de um pub em Edinburgh) muito à semelhança do que aconteceu com Pulp-Fiction, o que, curiosamente, foi precisamente a abordagem a nível de marketing pelo produtor Andrew McDonald, que quis publicitar o filme como um "Pulp-Fiction britânico" nos Estados Unidos.

 Mas é de notar principalmente o excelente trabalho em certas sequências demarcadas por serem diferentes do resto do filme, embora enquadradas no registo da película, como os primeiros vinte minutos onde nos são apresentadas as personagens principais através dos olhos de Renton, assim como a sequência da overdose , ou da fase de desmame , em que vemos Renton a alucinar no quarto por falta da sua próxima dose. Cenas muito bem trabalhadas por Danny Boyle, através da própria composição da imagem no enquadramento e nas cores, e do uso de uma excelente banda sonora pop que se enquadra perfeitamente na cenas.

Como curiosidade final, é de notar que, devido ao baixo orçamento usado nesta produção independente, a maioria das cenas no filme foi filmada à primeira, dando certamente um registo único a esta obra de imensa qualidade que perdura no tempo.

Confira o trailer:

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