Avançar para o conteúdo principal

Inxs em Modo Pop


 Na década de 80 os INXS constituíram um projecto bem “real”,  que tinha na sua essência o “sentir”, um batimento cardíaco, uma Alma que pulsava e que nos fazia a nós, ouvintes, ingressar numa torrente emotiva intensa. Never tear us apart é marcante . 23 anos depois , repescagem em Modo Pop. 

Por Paula Cavaco


Definitivamente, os INXS foram “talhados” para o topo, tendo no seu "frontman", Michael Hutchence, o seu maior trunfo.  Infelizmente, quando, tragicamente o seu líder desapareceu, a banda perdeu o rumo. No entanto, os INXS dos anos 80 deixaram um lugar bem marcado na história da musica.

“Listen Like Thieves”, álbum lançado em 1985, constitui-se, sem dúvida, como “breakthrough” (o impulsionador, digamos assim) dos INXS. A banda alcança, finalmente com este seu quinto trabalho, o reconhecimento internacional, ao constar nos lugares cimeiros das tabelas de vendas, nos Estados Unidos. “What You Need” impulsiona Hutchense e companhia para uma nova dimensão, a dimensão planetária

O álbum marca também o início de uma colaboração com Chris Thomas, produtor musical inglês responsável pelo lançamento de bandas como os The Beatles, Pink Floyd, Roxy Music, Elton John, Pulp ou os The Pretenders (entre outros). 

Em 1987, sob o protesto da Atlantic Records (responsável pela promoção da banda nos Estados Unidos que, nada confiante na qualidade do trabalho, se recusou a dar o seu aval ao mesmo), é lançado o sexto álbum da banda: “Kick”. E (agora em jeito de trocadilho)… que grande “pontapé” de saída.

“Kick” continua a ser, até aos dias de hoje, o álbum dos INXS que mais vendeu (certificado com platina por seis vezes, o equivalente a 600 mil cópias vendidas). A história da música está cheia de exemplos de trabalhos que foram uma autêntica “mina de ouro”, em termos comerciais, mas que na sua essência, não passaram de mera especulação comercial. Este não é, sem dúvida, um desses casos.  

Este álbum é simplesmente épico, em termos de conteúdo. É um trabalho que transpira emoção, que nos revela uma banda mais “crescida”, amadurecida, capaz de criar algo consistente e intemporal. Na verdade, pode-se dizer que, de entre as 14 faixas do álbum, não existe uma única que se diga “dispensável”. E desta 14 faixas, escolhemos uma para “esmiuçar”: “Never Tear Us Apart”. Uma música que se transformou num hino dos INXS. 
“Never Tear Us Apart” aparece exactamente a meio da "tracklist".

A oitava faixa do álbum “Kick” começa com uma longa e fabulosa introdução de sintetizadores (com a duração de quase um minuto), introdução essa que se tornou absolutamente mítica, daquele tipo de sons que são reconhecíveis à primeira nota. E não existem muitas músicas assim. 

“Never Tear Us Apart” é uma perfeita combinação em termos instrumentais e líricos: Instrumentais com pausas dramáticas, que causam um suster da respiração (captando irremediavelmente a atenção do ouvinte), dos quais se destacam o solo de guitarra e ainda a soberba composição de saxofone, que protagoniza uma espécie de catarse (purificação) emocional, perto do final da música; Um poema incrivelmente sincero e intenso; A estas duas, acrescenta-se ainda a incomparável interpretação vocal de Michael Hutchence.
Muito já se debateu em relação ao significado do poema escrito por Michael Hutchence. Resolvemos fazer também nós a uma interpretação. 

“Never Tear Us Apart” é um poema, em primeira instância, sobre amor à primeira vista (“I was standing, You were there”), uma experiência de vida inesquecível, em resultado de uma pura coincidência, vivida por poucos. Em segunda instância, é uma alegoria, aos “desencontros” numa relação amorosa: um homem que ama verdadeiramente uma mulher (e ela tem consciência desse sentimento: “Don't ask me What you know is true Don't have to tell you I love your precious heart”), mas que se sente condicionada pela forma como os outros interpretam a relação. 

No entanto, este homem tenta convencê-la de que vale a pena lutar por aquilo que os une e que essa “luta”, no final, tornará esse sentimento indestrutível (“Two worlds collided, and they could never tear us apart"). Este poema é, sem dúvida, uma exposição romântica do amor ao bom estilo de Shakespeare, um Romeu e uma Julieta destinados a amar contra tudo e contra todos. Duas “almas gémeas” destinadas uma à outra, unidas por um sentimento que, por ser puro, se torna “superior” e que transforma os seus intervenientes em algo de “divino” (“I told you That we could fly”), só alcançado por poucos (“Cause we all have wings But some of us don't know why”).  

Envolvidos pelo romantismo … relembremos o vídeo:

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Citizen Kane na Máquina do Tempo

Link da imagem Texto original: Miguel Ribeiro Locução: Irene Leite Adaptação e Edição: Irene Leite

REM no vídeo do mês

 Link da imagem Decorria o ano de 1985 quando pela primeira vez se ouviu o tema “Bad Day” num concerto dos REM em Nova Iorque. Contudo , só 18 anos mais tarde foi editado, tendo surgido na compilação de 2003, “In Time: The Best of REM 1988-2003”. Ainda que originalmente produzida em meados da década de 80, esta música manteve-se actual, tanto no som, como na letra crítica à sociedade americana. Por Carmen Gonçalves Originalmente dominado de “PSA”, uma abreviatura para “Public Service Announcement”, este tema surgiu como uma crítica às políticas do presidente dos Estados Unidos, Ronald Regan. Embora não tenha sido editado, foi o mote para o lançamento em 1987 de “ It's the End of the World as We Know It (And I Feel Fine) ”, um tema com uma cadência similar, que teve um estrondoso sucesso. A parecença dos dois temas não se centra só na letra cáustica de crítica à sociedade americana. Ao escutarmos o ritmo e a sonoridade de ambas, não se pode deixar de ver...

Pedro e os Apóstolos no Luso Vintage

Link da imagem O gosto pela música é universal, “Mesmo para quem não é Crente”, como diria Pedro e os Apóstolos, uma banda nascida em 1992 e que hoje tem o seu momento na rubrica Luso vintage do Som à Letra. Por Gabriela Chagas Pedro de Freitas Branco, um cantor, compositor e escritor português , que a par deste projecto ficou também conhecido por ter sido co-autor de uma colecção de aventuras juvenis, "Os Super 4", é o Pedro da história.   Reza a história que tudo começou numa tarde de Fevereiro de 1992, numas águas furtadas de Lisboa. O apóstolo Gustavo pegou nas congas, o apóstolo Soares ligou o baixo a um pequeno amplificador de guitarra, e o apóstolo Pedro agarrou na guitarra acústica. Não pararam mais nos quatro anos seguintes. Em 92 produziram eles próprios um concerto de apresentação aos jornalistas e editoras discográficas em Lisboa que despertou o interesse das rádios , que acreditaram no grupo. Em Julho de 1996 gravaram o seu primeiro disco, “Mesmo para ...